A mulher do ano
A manchete que a atriz Ísis Valverde foi eleita a “mulher do ano” pela revista GQ Brasil pegou-me de surpresa, pois, pouco sei da vida de tais celebridades. Mas, como a curiosidade matou o gato, fui pesquisar para identificar por qual feito, ela mereceu a honraria.
Busquei sua Wikipédia, imaginando encontrar uma nova Angelina Jolie, adotando e criando com afeto, africanos ou asiáticos desvalidos, e nada; Quem sabe ela serviu como voluntária no Haiti, ajudando dar apoio aos órfãos do terremoto catastrófico que houve por lá, e nada. Talvez ela se apresente como voluntária numa APAE, asilo, levando assistência, entretenimento, e eu desconheça... essas wikipédias não são confiáveis.
Imaginem que lá, consta apenas uma breve carreira de atriz, uma meia dúzia de relacionamentos meteóricos desfeitos, e nos sites de fofoca, que ela teria sido filmada em momentos íntimos com seu parceiro por um Paparazzi, que a estaria chantageando.
Claro que a Suellen seu último persnagem que terminou com dois maridos, espelhou uma conquista da mulher, que deve ser coroada...
Mas ela é uma ótima atriz e muito bonita, diriam seus defensores. Bem, as melhores atrizes são escolhidas precisamente nesse quesito, e as mulheres bonitas, nos concursos de beleza.
Tá certo que temos muitas mulheres do ânus, as frutas, que acham que uma mulher é um objeto, um corpo; mas, senhores, elas mesmo têm autocrítica, e sabem que não passam de frutas, coisas para se comer...
Nada contra a referida atriz, que tem lá seus predicados, mas, conceder tal honraria, é algo totalmente sem noção, injusto com muitas heroínas que, sem o brilho da mídia, fazem muitas coisas que alistei, e outras mais.
Que mensagem está sendo passada para as mulheres em formação? Que ser mulher é ter boa aparência, ou ser amiga do rei?
Como os Maias disseram que esse é o último dos Moicanos, digo, o último ano, deve ser isso; o velho resolveu chutar o balde de todos os valores que sempre defendeu, e “aproveitar o fim do mundo” em grande estilo.
Uma mulher, é muito mais que um ser de cabelos longos e ideias curtas, como disse o sarcástico Schopenhauer; antes, um ser pleno, inteligente, criativo, ético, moral, solidário, capaz, etc. além de poder ser bela e talentosa.
Não se trata, pois, de desmerecer as qualidades da Ísis, mas, de rechaçar essa redução ridícula da mulher, fomentada por uma imposição de meia dúzia, como se aquelas cabeças de camarão fossem a voz de Deus.
A excelente Martha Medeiros foi insuperável em seu texto o “Mulherão” do qual transcrevo um parágrafo:
“Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo, é quem faz serviços voluntários, é quem colhe uva, é quem opera pacientes, é quem lava roupa pra fora, é quem bota a mesa, cozinha o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão. Mulherão é quem cria filhos sozinha, quem dá expediente de oito horas e enfrenta menopausa, TPM, menstruação. Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos, fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios. Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio pra azia. LUMAS, BRUNAS, CARLAS,( ÍSIS )LUANAS E SHEILAS: Mulheres nota dez no quesito lindas de morrer, mas MULHERÃO É QUEM MATA UM LEÃO POR DIA”
“Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele.” Henry Ford