O LÁPIS E A BORRACHA




Eles se conheciam. Eram profissionais no mesmo ramo mas tinham funções diversa.Dependiam um do outro porém nunca estavam no mesmo lugar. Ele traçava me ela retocava pontos salientes e desfazia erros.
Assim eram. Ele em seu terno preto. Magro e alto.a refazer a ponta constantemente para a perfeição dos seus traços. Ela , vestida de branco,. Ora deitada ora de pé; ora de quina ora de ponta-cabeça. Iam e vinham.
Mas um dia foi inevitável.
A régua, cansada, não se firmou e o último traço se esquivou. Era o último traço e o lápis esperou que a borracha executasse o seu serviço para finalizar a sua obra.
Fim do trabalho trocaram palavras. As primeiras profissionais depois um convite para jantar. A atração foi mútua .
A partir de então o lápis, em todos os seus trabalhos, com a ajuda da régua, fazia questão de errar o último traço. E se viam e se davam. A borracha diversificou as suas roupas. O lápis encheu de cores as suas vestes.
Falaram em casamento.
A régua, o lápis de cor, o apontador, o compasso, o esquadro e o transferidor, todos se ofereceram para, com o lápis, o noivo, desenharem a mais bela das casas. E o papel, o mais branco dos papéis, se entregou de corpo e alma.
E assim foi feita a casa.
As portas e as janelas se orgulhavam dos seus traços. O piso, em figuras geométricas, era um mar de cores e formas. Cada ângulo era a perfeição em graus.;
O lápis estava cansado. O apontador não lhe deu trégua. E quando todos se foram desenhou uma cadeira e um telefone e , recostado, admirou o trabalho. Ligou e convidou a borracha, sua noiva, para conhecer a sua obra-prima.
E a borracha chegou. E os seus olhos brilharam diante de tal beleza e perfeição. E sorriu. E dançou. Por todos os cômodos. Ora de pé ora deitada; Ora de quina ora de ponta-cabeça.
E quando se cansou, olhou em sua volta. Só restava a cadeira onde o lápis se assentava , boquiaberto e mudo.
TiaoNascimento
Enviado por TiaoNascimento em 04/03/2007
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