Despedidas
Nunca soube lidar com despedidas, até pq sempre tive esse meu lado que insisti em idealizar eternidade nas coisas, nas pessoas. E vez ou outra me via tendo que lidar com idas e vindas.
Sempre me via em pedaços.
Partes minhas que ficavam presas quando eu precisava seguir. Partes minhas que iam quando eu precisava ficar.
Não fui feito para despedidas, não sei lidar com elas, me desestabilizam.
Diversas vezes segui sentindo faltar alguma coisa que ficou pra trás. Algumas que eu deixei e outras que preferiram ficar, quiseram tornar-se parte do que foi, de um passado distante. Embora o sentimento de "faltar algo" fosse forte, não me impedia de seguir pq sempre soube aonde meu coração estava, ou aonde ele precisaria estar e não era ali, naquele lugar, com aquelas pessoas. Felizmente sempre semeei e cultivei bem as minhas sementes, talvez por isso partes minhas acabem ficando na identidade daquilo que faço e/ou crio. Talvez por isso alguma parte minha acabe relutando por querer ficar, por não querer seguir, se desprender daquilo que um dia fui, dos lugares que um dia estive inteiro. Acho que isso é até normal sabe? Não devemos e nem podemos nos livrar de tudo que um dia vivenciamos, algumas coisas precisam vir com a gente ao longo dos caminhos novos que forem surgindo, precisam transpor. Algumas coisas passam a fazer parte das nossas vidas, ficam presas na memória e residindo em nossos corações. Falo de pessoas, de experiências, dos aprendizados, das lembranças, das partes que ficam e das que vão. Falo de quem fui, de quem sou e de quem serei. Nada é igual!
E talvez eu sempre esteja em partes, talvez siga sempre dividido em partes que fui e sou, talvez eu me encontre estampado em outros olhos, outros sorrisos, outras vidas. Talvez eu carregue sempre um pouco de quem fui, um pouco das pessoas que amei e me deram um pouco disso em troca, talvez eu siga sempre entre essa linha tênue de idas e vindas, encontros e desencontros, essa linha de despedidas de vidas.