Lembranças Pelotenses do Olímpico (I)
Neste domingo, o Estádio Olímpico fechará em definitivo após o clássico Gre-Nal e com ele termina um ciclo de 58 anos de história de conquistas do seu dono, o Grêmio. Ali também houve grandes vitórias e façanhas de clubes modestos e heróicos neste estádio que se calará para sempre.
E o futebol pelotense também contribuiu para essa rica história do Olímpico com seus fantásticos feitos de nossos clubes e onde cada um alcançou a glória á sua maneira. Pelo que me lembro, foram três. Talvez os torcedores mais velhos saibam de outras façanhas que eu desconheça, mas estes momentos ficarão para sempre na memória de xavantes, áureo-cerúleos e tricolores do Fragata.
O primeiro deles ocorreu no ano de 1998, mais precisamente no dia 9 de maio e que teve o Brasil como protagonista de uma classificação das mais improváveis.
Os duelos entre Brasil e Grêmio sempre foram emocionantes nos anos 90 e antes dessa façanha xavante, os dois times fizeram parte de um momento histórico e ao mesmo tempo constrangedor. Foi a célebre “tarde das três partidas” naquele interminável Gauchão de 1994 onde ali o Brasil contribuiu para que aquele feito do Grêmio se espalhasse pelo mundo afora, tanto que o recorde está lá até hoje no Guinness Book só pra ter uma idéia do absurdo que foi.
Aquele jogo válido pelo Campeonato Gaúcho de 1998 ocorreu no rescaldo das semifinais do ano anterior. No mesmo Olímpico Monumental, houve um dos duelos mais emocionantes e dramáticos entre essas duas equipes. O Brasil valentemente buscou duas vezes o empate no tempo normal e na prorrogação, mas sucumbiu nos pênaltis após mais de 20 cobranças. Quis o destino que a sorte traísse justamente o craque. Luisinho Vieira mandou a bola no travessão e enterrou as chances do Brasil ir pra final naquela ocasião.
Agora a situação estava um pouco diferente. O Grêmio tinha conseguido um excelente empate no Bento Freitas e só precisava da vitória no Olímpico pra chegar as semifinais do Campeonato Gaúcho mais uma vez. Tudo estava correndo bem até o técnico Sebastião Lazaroni falar que o time do Brasil jogou dopado.
Foi ali que a história começou a ser escrita por outras mãos, ou se preferirem, outros pés.
O dia estava ensolarado e a torcida xavante cantava como sempre. E impulsionada pelas declarações infelizes do técnico gremista, a equipe do Brasil começou o jogo em compasso de espera, deixando o Grêmio se assenhorear no campo e se entrincheiraram na defesa aguardando aquele contra-ataque mortal.
E este veio no fim do primeiro tempo. Toques rápidos que terminaram com o gol do Cléber Gaúcho, um dos grandes ídolos xavantes. A massa explodiu e os torcedores gremistas ficaram perplexos com aquele 1 x 0.
Veio o segundo tempo e o Grêmio atacava de todo jeito, acertando inclusive uma bola no travessão em uma cabeçada do bom centroavante Maurílio, aquele mesmo que fez sucesso no Juventude e no Palmeiras nos anos 90.
Contudo, em outro contra-ataque veloz, Taílson entrou na área e chutou mascado o suficiente para pegar o goleiro Danrlei no contrapé e fazer o segundo gol do Brasil. Se um já era inacreditável, imagine marcar dois gols em pleno Olímpico!!! E a façanha começava a tomar forma.
Nem o gol de honra do lateral Marco Antônio em uma bela cobrança de falta fez com que mudasse a situação da partida.
Quando o jogo acabou, a torcida festejou como nunca aquela brilhante classificação para as semifinais do Campeonato Gaúcho daquele ano e parafraseando um dos versos do seu hino, o Brasil teve o seu nome cravado na história do Olímpico.
Esta foi apenas a primeira façanha recente do futebol pelotense que contei. Ainda tenho outras duas pra contar.