Os Insaciáveis.
OS INSACIÁVEIS
Jorge Linhaça
Existem pessoas que desconhecem os limites entre ser ajudados e ser carregados nas costas.
Todos nós conhecemos pessoas com esse perfil, estão sempre no papel de vitimas, de coitadinhos, de acima de determinado tipo de trabalho, da necessidade de estudar para se desenvolver.
São aquelas pessoas que quanto mais ajudadas mais encontram motivos para receber ajuda, num ciclo vicioso, que se perpetua por toda uma vida, se possível for.
Claro que todos nós, em algum momento precisamos de um empurrãozinho, de uma mão amiga para nos guiar, mas esse tipo de pessoa não quer ser guiado, quer ser carregado como um fardo perene para aqueles que os cercam.
Não há trabalho que lhes seja bom o suficiente, vivem inventando doenças ou motivos para não irem trabalhar, todos os problemas do mundo acontecem com eles até a sexta feira... No entanto, como que por milagre, todas as dores ou depressão desaparecem no final de semana ou feriados. Não perdem uma festa ou viagem, devidamente financiados por outros, é claro.
Quando encontram alguém que se deixa vampirizar por ter a ideia de que “é seu carma” levar o mundo nas costas, nunca mais deixam a jugular da vítima em paz. Sugam-nos violentamente não apenas financeiramente, mas também emocionalmente, fazendo-os sentir responsáveis por todas as suas agruras reais ou imaginárias.
Não importa o quanto façam por eles...basta uma impossibilidade de atender a um pedido sem grande importância para que se voltem contra seus “fornecedores” com as garras e presas em riste, tentando jogar uma infinidade de culpas pelos seus fracassos sobre quem quer que seja.
São pessoas que nunca saem da fase da adolescência mental, são incapazes de fazer algo por alguém sem visar um retorno vantajoso mais adiante.
Como todos os insaciáveis, sobrevivem da boa fé dos demais e estão sempre m busca de novas fontes de recursos alheios.
São pessoas que não conhecem Deus, que se orgulham de suas “façanhas”, de sua sobrevivência a custa da ingenuidade de terceiros.
Infelizmente, transmitem às gerações posteriores os mesmos hábitos e irresponsabilidades.
No entanto se sentem agredidos quando seus descendentes seguem seus passos, afinal o que mais desejam é que estes lhes sirvam de tábua de salvação.
Não gostam de olhar para eles e ver suas faces refletidas como em um espelho.
Por outro lado, por alguma razão doentia, não permitem que eles voem completamente para fora do ninho. Quando isso acontece usam todo tipo de chantagem emocional e manipulação para traze-los para perto de si, ainda que isso signifique destroçar suas vidas.
Os insaciáveis são movidos por um ferrenho desejo de que todos sejam tão ou mais miseráveis quanto eles. Mentem, criam factoides, jogam uns contra os outros, choram de arrependimento e depois voltam a fazer o mesmo ou pior com aqueles que lhes permitem se aproximar novamente.
Sua capacidade de dissimulação é tamanha que são capazes de enganar, por algum tempo, aos mais espertos e vividos.
São incapazes de sentir empatia, de distinguir entre o certo e o errado, beiram a psicopatia embora ainda possuam algum freio que os impede de atos mais “ permanentes “.
Não importa o que você faça por eles, não importa quanto tempo se dedique a tentar orientá-los, o quanto faça para ajudar seus familiares. Jamais será o bastante.
Quebrar a corrente que os liga a seus “doadores” é quase que impossível, pois cria-se uma simbiose entre o parasita e seu hospedeiro, de maneira tal que o hospedeiro passa a defender a existência do parasita como necessária à sua própria sobrevivência emocional.
Salvador, 28 de novembro de 2012.