INGRATIDÃO...

Receber sempre foi a constante da humanidade, dispor é o reverso desse movimento.

Uma coisa é receber com gratidão, outra é refutar com desamor quem doou carinho, proteção, compadrio e até bens. A educação que se forja na ternura é ponto básico que dá norte a essa troca. Ninguém dá o que não tem, e esperar receber traz frustração e amargura.

Ninguém, de bom caráter, frise-se, oferece e se torna disponível por interesse, se o faz transmuda-se o gesto para moeda de troca. O futuro não retorna ao passado para apagar desvios. Não se paga com moeda as dívidas do coração, estão fora da mercancia. Não é bom posicionar-se em esperas que não virão. Esperar é salvar-se sem porto seguro,

O ingrato que mostra os dentes quando quem doou necessita de presença e solidariedade, é como a navalha que corta fundo e deixa sequelas, quando seu fio é fino para servir, sem cortar a pele.

As surpresas da ingratidão são como o mar revolto que mata o pescador que passou toda sua vida amando quem lhe destinou a dor.

O sofrimento originado da ingratidão consome aos poucos a vida de quem foi doação. Por isso é prudente nada esperar de ninguém, mesmo dos mais próximos. A cautela é boa sócia de quem faz sem esperar receber.

Faz pouco tempo, em mesa de café no Tribunal para onde fui convidado partilhar, apanhado na rua por dois magistrados bem idosos, inativos, ouvi em silêncio um falando para o outro que seu filho lhe pedia dinheiro emprestado. Disse o outro em tom interrogativo: " mas seu filho lhe pede dinheiro?" E foi aditando, os meus nada pedem, DOU ANTES QUE PEÇAM.....

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 28/11/2012
Reeditado em 29/11/2012
Código do texto: T4009102
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