QUEM CALA, CONSENTE?

Quem cala, consente?

Concorda? Aceita?

O ditado diz que sim, mas se refletirmos bem, veremos que não é bem assim.

Calar nem sempre representa consentimento, concordância.

Pode e porque não, ser somente aceitação. Até porque é melhor mesmo aceitar, mesmo não consentindo nem concordando.

Tem outro ditado que diz que se deve dar um boi para não entrar numa briga, e uma boiada para não se sair dela.

Mas será que sempre vale a pena essa briga?

Ou será que de vez em quando não seria bom descermos do pedestal da perfeição, e descobrirmos que como os outros, também somos errados.

Nem sempre quando nos deixam subir numa caixa de fósforos é hora de fazer discurso. Podemos ficar com as solas dos pés queimadas por esquentar demais nosso pedestal.

Colocarmos stress, infantilidade, imaturidade, ou qualquer coisa que o valha como desculpa para nossos atos, é mesmo que assinar atestado de burrice e colocarmos em nós mesmos o chapeuzinho aquele.

Em algumas oportunidades resolvemos que devemos colocar aos outros em seus devidos lugares. Mas...

E qual seria o nosso lugar?

Deixamos algumas vezes nossa prepotência subir às nuvens sobre nossas cabeças, sem imaginarmos que poderemos nelas estar injetando descargas elétricas. E depois não gostamos quando nos devolvem como raios de tempestades.

E assim, seria bom mesmo pensarmos antes de tentar saber se realmente, quem cala consente, concorda.

Pode estar apenas aceitando. Porque não tem boiada para colocar na briga, ou se tem, também tem certeza de que não vale a pena sacrifica-la à toa.

E se nós quisermos colocar a nossa...

Também aceita.

Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante. Esta crônica está em mais de noventa jornais impressos e eletrônicos no Brasil e exterior. Contatos, ajrs010@gmail.com