Diário de Sonhos - #015: Criaturas Abissais
O sonho que eu tive hoje foi tão maluco que acordei e vim correndo escrever antes que perdesse muita coisa.
Eu sonhei...
Sonhei que ia ter um curso numa escola lá onde Judas perdeus as botas. Fui no ponto perto de casa e peguei o ônibus Vila California. Um dos meus maiores medos sempre foi acordar no ônibus sem saber onde estou. No sonho eu via lugares desconhecidos pela janela e tinha muita vontade de descer, mas continuei até o fim. A viagem foi longa, várias vezes o motorista quase bateu em ônibus verdes, freando bruscamente. Passei por uma rua em que eu achava que uma amiga morava. Finalmente cheguei no ponto final, desci e o ônibus sumiu. Estava no topo de um morro, mas não havia nenhum carro e nem pessoas. Já estava escurecendo e eu tinha medo de chegar atrasado e perder o curso. A rua descia por duas vias à minha frente. Atrás de mim havia um grande muro, com uma linha de trem logo ao fundo. Ao meu lado direito havia uma casa e uma porta. Olhei no mapa e dizia que a escola era exatamente ali, mas eu não via nenhuma. Duas pessoas passaram e eu pedi informações. Bem, não eram exatamente duas pessoas, mas dois seres fantásticos: um parecia um tubarão azul e o outro um polvo verde de óculos escuro e chapéu. Perguntei onde ficava a escola e eles disseram: "Entra naquela casa, mas cuidado com o cataclisma vulcânico!". Os dois começaram a rir sem parar, tirando sarro de mim. Passei pela porta e entrei numa casa. Havia uma cama presa à porta, de modo que quando alguém a abria, a cama ia junto. Havia uma moça lá dentro e ela disse: "Vai por essa porta". Havia outra porta no quarto. Do outro lado era um quarto de menino. O rapaz disse pra mim sair pela outra porta. Saí. Estava ao ar livre novamente. Cheguei à escola. Mas...
Mas já era noite e chovia muito. Eu estava numa elevação de terra, como um morro. Ao meu redor tudo estava coberto de água, como se o nível do mar tivesse subido drasticamente e engolido tudo. Só havia a casa de onde eu saíra, a escola, um bordel logo ao lado e uma montanha atrás, onde havia uma grande favela. A escola era meio que cavada no solo. Havia uma grande escadaria pra baixo, adentrando a terra. Logicamente a escola fora engolida pela inundação. Havia um guarda perto. Ele me disse que o curso foi cancelado devido à enchente. Olhei para o bordel, havia mulheres na porta me seduzindo. Então eu comecei a reclamar: "Que isso? A escola já era, mas o puteiro não? Que droga de governo é esse? Falta de respeito com a educação, mas do pau da gente eles cuidam". O guarda pediu que eu me acalmasse. Disse que tinha uma exposição fotográfica. Me virei e havia uma parede com várias fotografias de cachorros, gatos e passarinhos. Em algumas fotos estava assinado "Scanzani" e eu falei "olha, é o meu amigo". Aí apareceu uma faxineira me corringo "não, é Scania". Olhei de novo e realmente estava escrito Scania. Olhei mais algumas fotos e me despedi. Entrei na casa de novo. O menino disse que a irmã dele estava me chamando. Passei para o quarto dela. Mal entrei ela me agarrou e disse que me amava. Ela era linda, dizia coisas doces. Nos beijamos. Eu me despedi e saí pela porta que tinha a cama presa. Lá fora era um dia ensolarado. Havia somente uma pequena faixa de terra onde eu estava, o resto era tudo água. Ao meu lado estavam o tubarão azul e o polvo verde jogando xadrez. Eles disseram que era melhor eu tomar cuidado. Olhei em volta e puder ver peixes gigantescos se aproximando. Subi no tubarão azul e pedi que ele me levasse pra casa. O polvo subiu nas minhas costas e o tubarão disparou pelo fundo do oceano.
Era tudo silencioso, não se ouvia nada. Era também muito escuro, e eu só podia enxergar poucos metros à minha frente. Um dos meus maiores medos é o fundo do oceano, escuro e silencioso.
O tubarão agora estava dourado e brilhava, nadando muito rápido. Ao nosso redor criaturas abissais se aproximavam por todos os lados. Tartarugas gigantes, serpentes monstruosas e vários outros. O polvo verde pegou uma arma e começou a atirar em todos eles. Ele me deu uma também, e eu atirei. A arma escorregou da minha mão e eu a perdi. Fechei os olhos de medo.
Quando acordei estávamos numa pequena praia. Eu agradeci ao tubarão por ele me ter salvo e logo em seguida ele disparou pelo mar. Agradeci também ao polvo, ele tirou um ukulele da mochila e começou a tocar. Subi a praia e estava numa rua perto de casa.
Aí eu acordei...