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         Outro dia, conversando com minha amiga/poetisa Junya, pelo facebook, confessava-lhe sobre as sequelas que ficaram, referentes ao massacre da serra elétrica, que vivenciei em Paraty.
         Expliquei-lhe que sobrevivi a tudo, sim. Entretanto, pedaços ficaram... Foram decepados. Jamais, poderia passar por algo semelhante, novamente. De verdade, nem sei, ao certo, como foi que sobrevivi. Enfim, de algumas situações, não aceito, nem nunca mais aceitarei, repetições. Pago o preço que for, mas, evito, desvio, abrevio...
         É um exercício diário caminhar, apesar das tais sequelas. Fragilizaram-me, em demasia. Não sinto mais a mesma resiliência. A impressão constante é a de que o copo, a qualquer momento transbordará. Como em tudo, existem dois lados: o negativo é óbvio – ter que me esforçar para fazer o dia nascer ensolarado! O positivo é que, por alguns momentos, sinto-me livre da insegurança. Percebo que nada há mais a perder. Encho-me de coragem e arrisco. Atiro-me ao espaço, de encontro ao lírico: meu contato direto com a Criação. Permaneço ali, no aconchego do enlevo, reabastecendo-me com o que a vida deveria ser, para todo ser. No colo morninho do Amor Universal encontro solução para tudo que, nesse momento, embota a evolução do mundo. Talvez, uma versão aquariana do herói de Cervantes.
         O que posso lhes assegurar é que é esta determinação de desmascarar os moinhos, é a base sobre a qual exercito a criatividade, a que me impele a intensíssima sensibilidade. Essa mesma que, por vezes, me leva a sentir a toda a dor do mundo... A mesma que me proporciona as viagens siderais até ao mundo dourado!
         Aqui, em Itacaré, o peso de tudo dobrou. O impacto de tudo: triplicou! Dados que me pareciam insignificantes em um passado recente, agora me soam como absurdos inaceitáveis. Progressivamente, me afeta o sofrimento alheio. Também o rejeito. Não quero para mim, também não quero para alguém! Sinto mesmo, que estamos todos ligados. Tudo que lhes acontece, em alguma frequência, me afeta. Vice-versa! Então, para desfrutarmos do conforto da felicidade, precisamos estar todos, ao menos, em sua varanda. 
 
 
 
 
Música indicada:




Obs: Queridos amigos, estou enrolado até dia 30/11 - compondo canções com meu amigo Louis Plessier, que veio de Londrima Paraná, juntamente, com Marilene, para este fim. Por isso, não estou conseguindo visitar os amigos. Assim que possível, o farei. Abraçaço a todos


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Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 27/11/2012
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