O louco e o lúcido!
O louco e o lúcido!
O novo só pode ser considerado novo se for produzido por algo imaculado, caso contrário é apenas a repetição, viciada, de discursos já ecoados. O original existe, mas, a acomodação e o espelho refletindo imagens deturpadas perenizam a figura esdrúxula. Não há certeza, há meta; não há deus e sim fé; tudo está derramado e transbordado, tudo é um conceito, mas é conveniente criar heróis e deuses para que amenizem a falibilidade do ser.
O fruto veio da árvore e a árvore, um dia, foi semeada. Nada, nada é por acaso. O tapa é a reação de um covarde e o escarro é a forma de colocar pra fora o que está preso por amarras e algemas medievais. Liberdade não é quebrar por quebrar e sim preencher as lacunas que o vazio dito deixou. Uma estrutura não é algo a ser desprezado e nem reconstruir sobre essa estrutura deve ser abominável. Cada qual tem seu tempo, o perigo é ser eco e deixar ecoar a verdade absoluta de alguém, sendo que sua falácia pode dizer muito mais que frases decoradas. Louco não é quem disse algo, louco é aquele que busca conceituar e achar a fórmula que explique tudo; Louco é aquele que brada que a vida é resultado de repetições e não aquele que busca o abandono do esqueleto para buscar o caos. O nada é tudo, pois dele o verbo foi conjugado, a conjugação talvez não tenha sido a correta. O ser é perfeito e também deformado, pois durante a vida sofreu diretamente influência de tudo e todos, deixando a sua autonomia de lado. Quem pensa que é dono de si próprio esqueceu que não pagou o soldo da liberdade, pois vive tropeçando em erros e acertos já cometidos.
Dizem tudo, explicam nada! A verdade e a mentira andam de mãos dadas e se tornam absolutas na boca de quem quer acreditar em ambas. Eu creio em mim, mas não creio no outrem. Sou meu inferno e meu céu, me condeno e absolvo, mas há alguns que só sabem viver à sombra de ídolos de barro “midiáticos”. Sou a cura da minha própria doença e o vírus que pode me extinguir. O remédio não está em uma receita dada por alguém falível, talvez seja apenas um paliativo, um ungüento que alivie a alma do lúcido que pensa estar desvirginando a pureza do mistério. Somos o que querem que sejamos! A política e as regras pedem máscaras e mimeses, mas muitos se perdem na interpretação, na pantomima e voltam ao seu mundo de conceitos que não passaram de preâmbulos. Não procuro a sintaxe perfeita, mas a exata comunicação entre o eu e o mundo. Quero a perfeição, pois sou capaz de encontrá-la, mas, não tenho sofreguidão e nem uso de emulação para buscá-la. Sou único e meu discurso terá também que ser único! A cara foi feita para afagos e tapas, não abaixarei jamais. Sou um rio que transborda em ideais que não passarão de idéias fúteis, mas são minhas. Quero errar e morrer do meu próprio veneno. Como a prato cheio o lirismo e a angústia e não quero que me venham dizer que estou deformando discursos. Ergui minha estrutura e é nela que consigo me manter de pé. Não venham me quebrar, pois não quebro não, sou macio. Madeira que dá em doido bate também em lúcido que quer corromper o mundo com dogmas que apenas serão substituídos.
Mário Paternostro