Alma arrumada, alma lavada...

Alma arrumada, alma lavada...

A inspiração é como ondas do mar...vem e vão. As crônicas também, e como vão, e demoram por vezes a voltar, mas estão em nossas vidas cotidianas, para organizar palavras, e assim o quarto que temos dentro da gente. Será?

Eu gosto muito de crônicas, pois elas passeiam entre pequenos hábitos, e conduzem o olhar corriqueiro a pensamentos e palavras.

Fico inquieta quando não escrevo, ou absorvida por um torpor intelectual, que nubla minha inspiração. Então sinto a alma tímida e oculta.

Estive pensando, enquanto guardava umas roupas e remexia em objetos, sobre a idéia da arrumação, do arrumar-se, do resguardar-se e da imagem que passamos quando nos mostramos também assim.

Pensei...será que quando somos organizadas, arrumamos o ambiente mais íntimo e pessoal, limpamos mãos e móveis, guardamos o velho, o em desuso jogamos a deriva até encontrar-mos para eles outro destino, enfim, será que passamos a idéia de uma pessoa organizada, bem resolvida emocionalmente, financeiramente comedida, e cordial com nossos limites e devaneios. Equilibramos nosso tempo, nosso pensamento, nosso ambiente se torna clean porque a alma está organizada, ou é o contrário?

Penso que seja a alma mesmo a nos ditar o que fazer com o silêncio, com a autonomia do nosso tempo...

Temos que ser organizadas o tempo todo?

Nosso coração e alma podem estar ligeiramente bagunçados, querendo sair por ai, mas com a certeza do retorno ao porto seguro, que são nossas vontades e desejos, que são também o que nos faz viver!

Sou geminiana! Gosto da versatilidade, então, que importa se está arrumado, organizado, ou um mafuá?

No ambiente, tudo passa, mas na alma, ah esta sim...carece de organizar-se, repaginar-se, e estar sempre se arrumando. Metaforicamente ou não, eu me vejo com a alma mais equilibrada quando enterneço e vou a arrumação.

Durante uma caminhada com uma amiga, e uma de minhas irmãs, o assunto transcorreu sobre compromissos sociais, ou familiares enfadonhos, cuja vontade não dá as caras, e ai?

O que fazer?

Bom, eu, aos meus 46 anos, estou na travessia do seguinte lema pessoal: Ou faço algo por obrigação e dever, como levar pai ao médico, trabalhar, enfim, ou faço somente o que me dá PRAZER! Meio termo não está mais nos meus planos de mulher que sou. Não pense que o prazer é egoísta, ele pode ser a boa resposta da sensação do dever cumprido. E quando ele vem, e podemos vive-lo, ai sim, a alma não só estará arrumada, como lavada...em banhos perfumados de liberdade!

Mônica Ribeiro

16/11/12

Mônica Ribeiro
Enviado por Mônica Ribeiro em 22/11/2012
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