AO LADO DE UM GRANDE HOMEM
HÁ SEMPRE UMA GRANDE MULHER
HÁ SEMPRE UMA GRANDE MULHER
19, Quai de Bourbon, Paris
Noventa e cinco anos após a morte de um dos escultores mais admirados de todos os tempos, Auguste Rodin (12 Novembro 1840 – 17 Novembro 1917), a minha homenagem vai para sua maior aluna: Camille Claudel.
Paris. Dezembro de 2008. Uma garoa gelada e úmida sobre o Siena. Bem à minha frente, uma casa. Número 19 do Quai de Bourbon. E uma placa:
"Il y a toujours quelque chose d'absent qui me tourmente."
Sim, refleti: "existe sempre alguma coisa ausente que nos atormenta..."
Era a casa de Camille Claudel, a escultora que assim escreveu, numa carta para seu amante Auguste Rodin, em 1886.
As pessoas passavam e não faziam barulho, pareciam tristes, sérias. Lugar silencioso aquele. Parecia que o silêncio era um sinal de respeito, de reverência, em consideração a tanta tristeza e solidão que ficaram gravadas com amor e loucura em cada canto daquele lugar.
Dizem que daquela casa Camille saiu direto para um asilo de loucos, onde permaneceu por 30 anos, até que fechou os olhos pela última vez. Dizem que parecia perdida de amor. De amor e de dor. Ausente de si. Perdida numa busca angustiante. Na ausência do amor, Camille, excluída, se excluiu. Mas não, sem antes ter escrito:
"Il y a toujours quelque chose d'absent qui me tourmente."
Sim, refleti: "existe sempre alguma coisa ausente que nos atormenta..."
Era a casa de Camille Claudel, a escultora que assim escreveu, numa carta para seu amante Auguste Rodin, em 1886.
As pessoas passavam e não faziam barulho, pareciam tristes, sérias. Lugar silencioso aquele. Parecia que o silêncio era um sinal de respeito, de reverência, em consideração a tanta tristeza e solidão que ficaram gravadas com amor e loucura em cada canto daquele lugar.
Dizem que daquela casa Camille saiu direto para um asilo de loucos, onde permaneceu por 30 anos, até que fechou os olhos pela última vez. Dizem que parecia perdida de amor. De amor e de dor. Ausente de si. Perdida numa busca angustiante. Na ausência do amor, Camille, excluída, se excluiu. Mas não, sem antes ter escrito:
"Tem sempre presente, que a pele se enruga, que o cabelo se torna branco,
que os dias se convertem em anos, mas o mais importante não muda!
Tua força interior e tuas convicções não têm idade. Atrás de cada linha
de chegada, há uma de partida. Atrás de cada trunfo, há outro desafio.
Enquanto estiveres vivo, sente-te vivo. Se sentes saudades do que fazias,
torna a fazê-lo. Não vivas de fotografias amareladas. Continua, apesar
de todos esperarem que abandones. Não deixes que se enferruje o ferro
que há em ti! (...) Nunca te detenhas!"
que os dias se convertem em anos, mas o mais importante não muda!
Tua força interior e tuas convicções não têm idade. Atrás de cada linha
de chegada, há uma de partida. Atrás de cada trunfo, há outro desafio.
Enquanto estiveres vivo, sente-te vivo. Se sentes saudades do que fazias,
torna a fazê-lo. Não vivas de fotografias amareladas. Continua, apesar
de todos esperarem que abandones. Não deixes que se enferruje o ferro
que há em ti! (...) Nunca te detenhas!"
A BELEZA EM CAMILLE CLAUDEL
Camille Claudel (08 dezembro 1864 – 19 outubro 1943) tinha uma sensibilidade fora do comum. Suas obras possuem beleza, delicadeza, esperança, pureza, feminilidade, graça e tristeza... Uma infinita tristeza. Emocionei-me admirando algumas no Museu Rodin, e esta madrugada assistindo o filme sobre sua vida "Camille Claudel".
Aos 19 anos conheceu Auguste Rodin, 24 anos mais velho que ela, escultor consagrado, que se tornou seu mestre e amante, o que foi fatal para Camille que, não aceitando o fim do romance, tornou-se obsessiva e acabou enlouquecendo. Com o tempo Camille ganhou a confiança do mestre e Rodin passou a consultá-la para quase tudo. Trabalharam juntos em diversas esculturas. Atualmente, o Museu Rodin, em Paris, tem uma sala dedicada às obras de Camille. Apesar das críticas favoráveis, sua arte não foi apreciada pelo grande público, pelo preconceito por ser mulher, e, em parte, porque seus traços eram muito semelhantes aos de Rodin, pois surgiram boatos de que ela o copiava.
Em 1888, Camille Claudel esculpiu Sakountala. Em resposta, Rodin fez
'O Eterno Ídolo' (1889).
'O Eterno Ídolo' (1889).
Shakuntala (Camille Claudel)
O Eterno Ídolo (Auguste Rodin)
AO LADO DE UM GRANDE HOMEM
HÁ SEMPRE UMA GRANDE MULHER
Sempre ouvi dizer que "por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher". Essa frase sempre me incomodou e, não raras vezes, falando sobre isso, disseram-me que era a vaidade que não me deixava enxergar seu verdadeiro significado.
Acredito, sim, no caminhar lado a lado, por isso creio na mulher que eleva seu companheiro, que o ajuda a crescer sem limitar seu próprio crescimento. Existem muitas mulheres que são companheiras, esteios, porto seguro, mas que não abrem mão de fazer brilhar a sua luz, realizando-se como pessoa, contribuindo para o seu desenvolvimento, mulheres comuns que se tornam únicas, por sua garra.
Seria bem melhor se proferíssemos: "Ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher" (e vice-versa), até porque toda conquista é mais saborosa quando compartilhada, bem compartilhada.
Camille Claudel. Uma mulher. Uma artista. Única. Diferente. Procurei imaginar a mulher que estava ao lado desse grande homem que foi Rodin, e não a que estava "por trás" desse grande homem, a mulher que no anonimato não se apagou para fazer brilhar a luz do seu companheiro.
Camille Claudel. Uma mulher. Inesquecível e imortalizada pela arte. Pela sua arte.
Camille e Rodin...
Seja qual for o sentimento.
a incerteza que o compartilhe,
será eterna a união,
de Rodin e Camille...
Ana Flor do Lácio
Acredito, sim, no caminhar lado a lado, por isso creio na mulher que eleva seu companheiro, que o ajuda a crescer sem limitar seu próprio crescimento. Existem muitas mulheres que são companheiras, esteios, porto seguro, mas que não abrem mão de fazer brilhar a sua luz, realizando-se como pessoa, contribuindo para o seu desenvolvimento, mulheres comuns que se tornam únicas, por sua garra.
Seria bem melhor se proferíssemos: "Ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher" (e vice-versa), até porque toda conquista é mais saborosa quando compartilhada, bem compartilhada.
Camille Claudel. Uma mulher. Uma artista. Única. Diferente. Procurei imaginar a mulher que estava ao lado desse grande homem que foi Rodin, e não a que estava "por trás" desse grande homem, a mulher que no anonimato não se apagou para fazer brilhar a luz do seu companheiro.
Camille Claudel. Uma mulher. Inesquecível e imortalizada pela arte. Pela sua arte.
Camille e Rodin...
Seja qual for o sentimento.
a incerteza que o compartilhe,
será eterna a união,
de Rodin e Camille...
Ana Flor do Lácio