Em 1990, quando passava por uma determinada esquina, Joãozinho costumava espiar, através da janela de uma residência, uma dona de casa sensual passando ferro.
Ele ficava deslumbrado com as pernas da senhora, pois um vento forte sempre passava e levantava a saia dela nesse exato instante.
“Que pernas lindas!”, pensava Joãozinho.
Todos os dias o garoto realizava o mesmo percurso indo à escola.
Ele ficava bem alegre se conseguia observar rapidamente as pernas da mulher que, passando ferro, não percebia o vento levantando sua saia.
Essa rotina só cessava no final do ano letivo.
Nesse período Joãozinho viajava com os pais após concluir as aulas, muito contente por haver passado direto.

Em 2012, segurando um bebê nos braços, João passou pela esquina citada e observou, através da janela daquela casa, a deslumbrante mulher de outrora passando ferro, novamente sem impedir que o vento passasse levantando sua saia.
As pernas surgiram brevemente, porém dessa vez João não sentiu qualquer entusiasmo.
Seguindo adiante, olhou para o filho e sorridente falou baixinho:
_ Ah! Meu adorável amiguinho! O tempo passou.

 
 
 

 
Confira o texto que publiquei no Dia da Consciência Negra!

http://www.recantodasletras.com.br/acrosticos/3995160
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 21/11/2012
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