PLANO REAL E JULGAMENTO DO STF
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Nada a ver uma coisa com a outra? Tudo a ver. O Plano Real tem tudo a ver com o julgamento do Mensalão, como tem a ver com a seca no Nordeste. A questão é, ou melhor, a resposta é transpor a ideia de que o problema é insolúvel e partir para a sua solução. Na verdade, os grandes problemas nacionais têm como ser resolvidos. O cidadão comum que viveu a época da inflação aceleradamente galopante vivia sob tortura, inclusive tortura noturna, de sono desassossegado, sem saber como iria amanhecer. Seu dinheiro se esfarelava da noite para o dia, o salário durava poucos dias. Até sua poupança foi alvo de bloqueio, imaginem só. E a inflação era vista como um monstro indomável. O Plano Real se mostrou eficiente e eficaz, graças à competência da equipe técnica e à vontade política do presidente da República na época.
Outro mal: corrupção institucionalizada, Caixa 2 visto como normal. Foi preciso o STF adotar o entendimento de que Caixa 2, apresentado como normal pela defesa de réus, é crime, é agressão à sociedade brasileira e que não se deve fazer vista grossa a esse tipo de desmando.
Durante muitos anos a seca no Nordeste serviu de instrumento de politicagem. E parecia não ter fim. Bastou o Nordeste acordar para o próprio potencial desenvolvimentista e essa mina secou, ou melhor, a seca não desapareceu por completo, em várias regiões, mas desapareceu sua exploração contumaz como alavanca de votos. No lugar da indústria da seca, uma indústria de produção, não mais produção de votos, pelo menos de maneira crônica.
E o que dizer das medidas que vêm sendo tomadas para diminuir acidentes de trânsito, desigualdades sociais, a corrupção e a criminalidade? Pelo visto, insuficientes. Enquanto não existirem políticas públicas de base, sem ressaibos demagógicos, a engrenagem burocrática leva a melhor. Plano Real, julgamento do Mensalão e superação da indústria da seca me pareceram brados heroicos retumbantes.