Affair

Ele colecionava estrelas e dava nome a cada uma delas como se fossem suas. Como se fossem elas. Anotava coisas e percebia o vento. Mudava o seu humor de acordo com as estações e caminhava só pelas estradas desertas do campo. Vivia ímpar mas nunca soube o que era solidão.

Ela colecionava selos e os guardava em pastas catalogadas como se fossem fotos de família. Como se fossem relíquias. Comprava coisas e percebia o vazio. Era sempre mal humorada com o calor ou com o frio e pedalava pelas movimentadas ruas do centro. Vivia rodeada de todos mas se sentia só.

Ela era bonita e agradável, mas usava bordões de novela. Mesma noite em que se conheceram passou um cometa, nem vem ao caso, mas o acaso usa um contexto maior para o enredo. Acontecimentos grandes enriquecem um pequeno fato. Boca a boca. Dançaram, conversaram, beberam, gargalharam e terminaram no momento constrangedor em que ambos querem algo mas não sabem como pedir. Ela tomou iniciativa e foram. Estão indo até hoje.

Ele?

Só usa sapatênis.

Pra tudo.