Pai d'égua é uma expressão pai d'égua

Pai d’égua é expressão popular muito utilizada pelos paraenses.

Tenho dúvidas se foi levada pelos cearenses, na época de ouro da extração da borracha, ou se os seringueiros cearenses, que de lá voltaram, trouxeram para o Ceará. Na verdade, quem mais usa e divulga o termo é o paraense.

William Blanco Abrunhosa Trindade, taurino, paraense, nascido em Belém em 1924, mais conhecido como Billy Blanco, abandonou a arquitetura e celebrizou-se como compositor. Tanto os paulistanos como os cariocas devem conhecê-lo, pois compôs sinfonias, uma para cada cidade: Sinfonia Paulistana; e Sinfonia do Rio de Janeiro.

Elisete Cardoso, Silvio Caldas, Jamelão, João Gilberto, Pery Ribeiro, Miltinho e Elis Regina, entre outros gravaram algumas de suas composições.

Pois bem, é de sua autoria composição titulada “Pai d’égua”, na qual explica em versos e melodia o significado do termo.

Assim, aproveito para esclarecer o que expressa pai d'égua com a letra de autoria de Billy Blanco, que também é autor, entre muitas outras, de: Tereza da Praia, Estatuto da Gafieira e Mocinho Bonito.

Pai d’égua

Autoria de Billy Blanco

Quem não conhece o Pará já perdeu,

porque o que aconteceu

num dia no outro não tem.

A gente basta parar para ver

que é diferente e por que

jamais se esquece Belém.

Existe um termo chamado Pai d’égua

para definir tudo quanto

é mais bonito ou melhor.

Não adianta esquadro ou régua

para provar o que é tanto,

pai d’égua é sempre maior.

Pai d’égua é dia de sol em Mosqueiro,

Salinas ou Marajó do outro lado.

Pai d’égua é a rede, é o vento, é o cheiro

do bacuri, ou do pato no tucupi caprichado.

Pai d’égua é Remo e Paissandu jogando,

É o Círio de Nazaré na Avenida.

Pai d’égua é a moça que passa flertando,

naquele quero-não quero

que é o gostoso da vida.

Lalalaiá, lalalaiá,

quem vai ao Pará, parou

bebeu açaí, por lá ficou.

Esclarecendo:

Mosqueiro é uma ilha, balneário distante 80 km de Belém e com 27 km de praias de água doce;

Salinas balneário de água salgada situado na pequena costa paraense e distante200 km de Belém, capital do Pará, estado do norte do Brasil;

Marajó é a maior ilha marítimo-fluvial do mundo. Tem 50.000 km² de superfície e é situada ao nordeste do Pará;

Bacuri, junto com açaí e cupuaçu, são dentre a grande variedade de frutas regionais as três mais populares do estado do Pará;

Pato no tucupi é um prato típico paraense de origem indígena; e

Círio de Nazaré a maior manifestação religiosa em forma de procissão e ocorre todo segundo domingo de outubro em louvor a padroeira dos paraenses, Nossa Senhora de Nazaré.

Os bons paraenses advertem aos que visitam o Pará: “caso não queiram por lá ficar, então só saboreiem o açaí em qualquer de um de nossos estados, menos no Pará”. Advertência contida em um dos ditos de maior tradição do Pará: "quem foi ao Pará parou, tomou açaí ficou."