O interessante é que a cidade não me atendeu em qualquer dos meus apelos pessoais. Acreditem: nenhum! Tenho uma coleção de nãos, incrível. Alguns até, inconcebíveis! Aqueles impossíveis de engolir. Ganhei um não bem dolorido logo de cara...Nada do que queria pra mim, intimamente, afetivamente, sexualmente, profissionalmente (como bambuterapeuta), ideologicamente, pelo menos até agora, aconteceu. É como se ela tivesse outros planos pra mim. Bons! Ótimos, até! Mas, quero deixar registrado que não era o que eu queria, ou precisava.
Por um lado, veio alto demais! Por outro... Eita! Estou sendo miseravelmente ignorado. Não! Um lado não compensa o outro, não. Como faço? Vou me virando com o afeto, o carinho, a presença, a atenção que recebo da natureza. Novamente: não, não é a mesma coisa. É melhor que nada, obviamente.
É como se minha vida tivesse se dividido em duas: uma vive de migalhas, outra veleja em fartura. Obviamente, o bom vem do ofício: razão exclusiva de meu viver! Vem do propósito por trás do exercício: contribuir com a evolução coletiva, através do estímulo à iniciativa individual. Resumindo: não posso me dizer desgraçadamente infeliz, nem me classificar como afortunadamente feliz.
A impressão é a de andar com um veículo, com o combustível, permanentemente, na reserva. O carro anda bem, é confortável, gosto muito, mas, estou vendo o painel piscando, insistentemente, avisando que o tanque está esvaziando... De repente, com algum carinho especial, inesperado, o carro pega uma descida e a luz se apaga... Entretanto, sei que logo mais haverá outra subida...
Deve ser por isso, pela consciência desta cruel deficiência, que produzo tão intensamente. Não sei até quando consigo sustentar assim.
A luz no final do túnel é o Teatro Nova Era. É onde aposto todas as minhas últimas fichas. Como já percebi que ele tem força própria, fico um pouco menos ansioso, apreensivo. Por mim, já estaria estreando. Porém, o abuso de querer realizar um projeto desse, em um lugar tão esquecido por todas as formas de cultura, tem um preço inacreditável alto a se pagar. O desgaste é homérico, por todos os lados. É mais que um ato heroico. Chega a ser cinematográfico.
Agora, os amigos já sabem o que há por trás de minha persistência em levantar este palco, exatamente, no lugar que idealizei. É questão de sanidade espiritual.
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