Do jeito que o diabo gosta
“quando penso nas coisas como elas são, me pergunto: Porque? Quando penso nelas como não são, questiono: Porque não?” ( G. Bernard Shaw )
Nem todos se aplicam a entender os motivos pelos quais as coisas acontecem. Todavia, é próprio da razão, a ilação entre causa e consequência. No excelente tratado sobre o livre arbítrio, Arthur Shopenhauer disse que; “dado o motivo e o caráter, a ação resulta necessária”. Assim, os atos demandam um motivo, e uma personalidade dócil à sua execução.
Isso posto, juro que vou tentar entender os motivos dos bandidos que, deixando sua ocupação principal, passaram a caçar policiais, em São Paulo, sobretudo.
Os atos violentos em primeira análise podem derivar de predantismo, defesa, ou vingança. Como o ser humano não carece matar outros para sobreviver, a primeira opção parece descartável.
Defesa pressupõe um ataque antes, o que não é o caso, pois, eles emboscam policiais, até mesmo, ou, principalmente, quando à paisana, e desarmados.
Restaria então, a vingança. Embora desaconselhável, a vingança é compreensível, quando, alguém sofre uma grande injustiça, e, sem expectativas de reparação, decide “cobrar a dívida”.
Ora, reprimir o crime é função da polícia com o aval social; eventuais mortes “em serviço” de algum bandido é apenas o efeito colateral, da sua “profissão.” Não resta pois, um sentimento de injustiça, cujo apelo não satisfeito “justificaria” a vingança.
Como nenhum dos três motivos satisfez minha busca, minha razão sente aqui uma vertigem... Seria uma demonstração de força dos chefões, para serem mais respeitados, ainda que detidos? Estranhos assassinos obtusos, que cumprem cegamente aos mandamentos de uns deusinhos de bosta, presos.
Talvez esse terror imposto facilitasse a vida de crime deles... Mas, não seria mais fácil praticar furtos de uma sociedade confiante e desatenta, e uma polícia sossegada, que em estado de extrema vigilância e cautela como fica nessas situações?
Sim, pelo prisma intelectual, se revela de extrema burrice. Facilitar as coisas para eles não parece contribuir como motivo, também. Tiraram minha escada, fiquei “no pincel” e não sei voar...
Sequer os animais agem assim; salvo os predadores por sobrevivência, ou para defender seus ninhos, territórios, dificilmente atacam. Nosoutros, seríamos o suprassumo da evolução, o animal que “deu certo” dotado de razão...
Do mesmo modo minha razão fraqueja ao ver os veros zumbis que se tornam os usuários de drogas, mormente de crack, ao tentar entender como entram para o clube, os que ainda livres e saudáveis têm escolha... Eu sei, as privações sociais, miséria, falta de cultura, etc. mas, mesmo tais indutores ainda fraquejam como motivo suficiente para esse suicídio lento...
E se a Bíblia estivesse certa, e fôssemos mesmo uma raça caída mercê de um espírito maligno que comanda legiões, cujo ódio simplesmente, fizesse soar suficiente para matar; seria ele o inspirador desse banho de sangue, por vingança contra os amados Daquele que, à custa do próprio sangue, resgatou o domínio furtado a milênios???
Não, isso soaria a obscurantismo, religião só tem feito mal; a fé é um atentado contra a razão. Estamos por nossa conta, sem essa de Deus ou diabo, somos racionais, feitores de nosso destino e pronto...
Mas, se toda sujeira feita no meio da religião fosse a retaliação do “chefão” que mesmo preso, comanda legiões para espalhar o terror...
Não, vão nos tachar de fanáticos, melhor deixar assim... é mais popular a versão que o diabo não existe, e ninguém é incomodado deixando as coisas do jeito que o diabo gosta...
"Duas coisas são infinitas; o universo e a estupidez humana; não estou muito certo quanto ao universo." ( Einstein )