CINDY
No início do ano de 1970, após três anos morando na rua Marechal Hermes, Bairro Jardim, mudei com a família para a Rua Monte Casseros, esquina com a Rua Bernardino de Campos, no condomínio Edifício Pedro, bem no centro de Santo André.
Lembro-me perfeitamente do ano, pois, nessa nova residência, assisti aos jogos da Copa do Mundo no México, vendo uma das maiores seleções do Brasil (... e do Mundo), com Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Gerson, Clodoaldo e companhia, conquistar o tri-campeonato mundial de futebol.
Outro fato interessante acontecido nessa época, foi a vinda de uma estudante americana, morar no apartamento de meu vizinho Eli Awada. Parte do programa de intercâmbio estudantil do Rotary Club Santo André. Chamava-se Cindy, e devido a sua simpatia, logo conquistou a amizade de todos.
Debaixo do prédio, havia alguns salões comerciais, e um deles foi alugado por um comerciante do ramo de padaria e confeitaria que, inclusive, morava no Pedro. Montou ele, então, uma bonita casa de pães, doces e salgadinhos. Faltava dar-lhe o nome. Movido pela graça e simpatia da americaninha, numa bela homenagem à intercambista, pôs-lhe o seu nome: Confeitaria Cindy.
A Cindy foi um tremendo sucesso! Seus produtos eram muito apreciados, e a partir de sua inauguração tornou-se a coqueluche de Santo André. Não havia quem não a conhecesse, ou deixasse de provar suas delícias. Virou referência.
- Por favor, onde fica a Rua Monte Casseros? Alguém perguntava.
- É a rua da Cindy, respondia o informante.
- Ah! Já sei! Obrigado.
O comércio do Seu Benedito, como se chamava o proprietário, ia de vento-em-popa! Muito procurado não só pelos que lá iam se deliciar, como por aqueles que encomendavam para festas.
Assim se foram alguns anos. Não se sabendo qual o motivo, Seu Benedito vendeu o negócio, sendo o comprador um de seus colaboradores, na realidade, o principal confeiteiro da casa.
A família do novo proprietário tomou posse do negócio, tendo o mesmo seguido seu caminho, mas, na realidade, o nível dos produtos nunca mais voltou a ser o igual ao anterior. Mesmo assim, continuava a Cindy ser muito bem freqüentada.
Ultimamente, a famosa confeitaria voltou a ser negociada por mais de uma vez. Os novos proprietários não conseguiam, por mais que tentassem, reabilitar a casa. Transformaram a confeitaria num café, permanecendo a fabricação de doces e salgados. Não deu certo.
Por último, deu-se uma nova diretriz ao estabelecimento, transformando-o em pizzaria, inclusive com serviço de “delivery”. Durou pouco tempo, para, finalmente, encerrar suas atividades.
Passando por lá, agora, vê-se que está havendo uma reforma do salão, com faixa anunciando novo comércio.
A Cindy, uma pena, se foi!