SALVE-NOS, SÃO JORGE!

Nesses dias atuais em que fazer televisão significa brigar pela audiência pelo pior, as novelas de ultimamente pontuam como campeãs nas modalidades das porcarias.

Vou me abster de falar nas louras programações dos encontros reencontros e principalmente desencontros, que tantos louros doutos em tudo tentam doutorar.

Aqui tudo faz parte da vida e das telas, ou vice-versa.

Deus, a coisa está feia demais!-o que, portanto, deverá reverter sempre em muito boa audiência! Bingo!

No que tange a essa mais nova promessa da tela hegemônica, se até Glória Perez já se benzeu com o SALVE! do cajado e da bravura de São Jorge-O Guerreiro, ara, o que dizer de nós telespectadores há muito abandonados pela tela master, que muito antigamente nos agraciava com obras primas tão consagradas da saudosa teledramaturgia brasileira. Acabou! Isso há muito já não nos pertence mais.

Mas, SALVE JORGE! decepciona a cada dia.

-Jorge, ao menos salve-nos aos noveleiros!

Num tema principal batido, algo shakespeariano tipo ROMEU VIP E JULIETA POVO, modificado para os nossos antropológicos tempos da era modernista e repetitiva de tráfico de tudo, na telinha nos fica a sensação de que Glória Perez apostou na receita antiga e tentou fazer um Mix das suas duas últimas super produções " O CLONE E CAMINHO DAS ÍNDIAS" para nos manter audientes, já que tais obras inéditas ao menos nos traziam informações culturais importantes dos povos asiáticos, no entanto, dessa vez o inédito virou mesmice e os capítulos de "Salve Jorge" parecem repetecos caricatos dos personagens que já vimos, suas falas estereotipadas, enfim, algo chato demais.

Salve Jorge, nem com milagre! Nem com a espada na guela!

Tudo muito igual e claro, com cenas apelativas da violência mundana que todos já sabemos existir, sendo que viajar através da tela para as belas paisagens amortecedoras da Capadócia, já não nos amortiza a nossa dura realidade urbana Brasileira frente aos nossos tantos dramas vividos hoje em dia por aqui...por todos os cantos!

Somos catedráticos na violência das nossas novelas sociais que escrevemos todos os dias.

Nossa vida é mesmo uma quase inédita novela de pavor bem atual cujas soluções, se já nos escapam do controle governamental, muito menos se controlarão com o faz- de -contas cultural.

Olhando para a obra Salve Jorge eu a entendo como mais um tema candidato a amortizador social de finalidade meio falida.

Parecem que querem convencer a Nação, bem subliminarmente via novelística, de que todas nossas mazelas sociais estão resolvidas na tela. Podem observar com cuidado.

O morro é feliz porque toda a dignidade social politicamente já chegou por ali inclusive a pacificação do Príncipe da cavalaria de São Jorge que já partiu da lua para nos trazer à nossa Terra surreal o brilho do sol... nem que seja do sol da meia noite.

Hora em que São Jorge se recolhe de volta a sua Lua, seu cavalo vira abóbora e a sociedade Cinderela acorda abandonada junto ao principado de telespectadores ludibriados pelos tantos sapos que engolimos todos os dias, inclusive nas telas, como se fôssemos lançados na marra pela audiência milagreira da lança do Santo da Hora..

Salve-nos Jorge...mesmo! Nós que o digamos!

E tudo regado ao ao som do Funk, sob a sedutora desenvoltura das popozudas funkeiras, agora as mais recentes delas representadas pela doces personagens ainda adolescentes, algo meio desengonçadas, e que de súbito deixaram de ser crianças, contudo, sem dúvida, atrizes ainda inexperientes, mais indicadas para protagonizarem a novela carrossel...

Muito ruim tudo que vemos. Bah!

Tempos inacreditáveis esses nossos, inclusive nossos preciosos e perdidos tempos novelísticos.

A telinha anda mal mesmo, coitada dela e de nós. Uma programação mais apocalíptica que a outra, mesmo com São Jorge e tudo dele!

Que Santo daria jeito nisso?

Mas ao menos o povo...batemos cabeça, aplaudimos e sonhamos...que um dia a programação piore ainda mais. Supimpa! Goool!

Dentre do "tudo " que sonhamos e do "nada" que levamos,claro, convém que rezemos muito.

Quem sabe, lá no final da tragédia novelística, bem no final do último capítulo quando tudo sempre dá certo, São Jorge, meio descuidado da direção de cena, promova um milagre a vir, enfim, nos salvar de tantos pecados.

Ao menos nele, eu ainda acredito.