Escrever sobre "aquilo".
Eu tinha tudo em mente. Todas as palavras, as posições das vírgulas, o título.
Mas agora tudo se foi. Só ouço o latejar ritmado provocado pela dor de cabeça.
Permaneço em posição de Ioga, refletindo, para que aquele sentimento apareça de novo para que eu possa, definitivamente, capturá-lo e amarrá-lo a folha.
Como pôde escapar assim?
"-Não interessa."
Talvez eu não devesse escrever sobre aquilo, afinal. É perigoso.
Não para mim, eu já tenho um escudo e uma espada para me proteger.
Mas para leitores que gostam de se iludir com esse tipo específico de literatura.
Gostam de imaginar um mundo paralelo àqueles em que vivem; um mundo que permaneça com uma porta aberta, para que lhes seja concedido um escape rápido e sucinto. Sinceramente, os entendo por preferirem um mundo literário a um claustrofóbico mundo real. A verdade seja dita: É muito mais fácil viver dentro das palavras escritas por alguém, do que tentar viver de fato, aqui fora. Sem limites, sem pudor. Mas não compactuarei com isso. Não serei eu, quem no futuro lhes escreverá sobre os mistérios, enigmas e contradições do amor. Desafio-os a experimentar por si só e não dependerem de uma pacato romance literário.