A CHAVE DO COFRE
A CHAVE DO COFRE
16/11/2012
Uma vez ouvi dizer que tudo que irá nos acontecer, é sinalizado previamente, basta observarmos. Neste caso nossa passagem por esta existência é como se fosse uma caminhada por uma estrada e este caminho ou estrada é de nossa livre escolha. Assim sendo podemos escolher uma autovia, estrada que nos permite caminhar sobre um piso liso, sem buracos, com curvas suaves, pistas de mão e contramão largas e distanciadas, o que praticamente elimina o risco de colisões frontais entre aqueles que vão e os que voltam e que permitem ultrapassagens aos que tenham ritmos diferentes de forma segura, e que por exigência de suas condições de conforto e segurança, pode resultar em um traçado mais longo.
No outro extremo de escolha teríamos a estrada estreita, a via rural ou o caminho da roça. Estrada de uma só pista, cujo piso é de terra e que varia de um momento para outro, quer chova ou faça sol. Esta estrada nos oferece riscos constantes quer sejam por suas subidas e descidas íngremes, por suas curvas a tangenciar precipícios, morros, matas e rios, sem acostamento, onde as placas nos alertam para usar a buzina antes de fazermos a conversão ou, antes de chegarmos ao cume. Estrada repleta de perigos em que precisamos estar com nossa atenção totalmente concentrada e um ritmo e uma velocidade baixa, sob pena de não chegarmos ao nosso destino, que por ela, devido as suas características de não se importar com os sacrifícios da falta de conforto ou segurança, tem um menor percurso.
Esta faculdade de escolha do caminho que iremos percorrer é nossa e ocorre lá no princípio onde nossa consciência “cientifica” ainda não existe. Ao longo de nossa caminhada, pelas experiências pelas quais passamos, estas estradas se bifurcam nos proporcionando outras escolhas.
Mas, apesar dos extremos entre as condições das vias, ambas tem algo em comum: a sinalização, feita por placas fosforescentes ou por toscas letras traçadas em uma lasca de árvore às vezes mal posicionadas ou semiocultas pelo mato, mas que nos alertam para aquilo que ainda não passamos.
Isto só já nos proporciona algumas conclusões ou lições. A primeira delas é a de que a simples existência das placas já é uma forma de comunicação de alguém que por ali já passou e independentemente de nos conhecer ou não, se preocupou conosco. Assim é a vida onde os mais velhos ou os que por aqui passaram nos alertam ou intuem sobre perigos ou ocorrências vindouras, só precisamos estar com nossos sensores ligados para recepcionar tais mensagens. É como se estivéssemos consultando um mapa ou o nosso GPS se não observarmos e entendermos suas indicações, provavelmente nosso caminho se tornará mais longo.
De certa forma podemos dizer que todos nós temos inicialmente, antes de nascermos, uma riqueza de conhecimentos tal qual uma herança. Esta herança fica guardada em um cofre que tem o nosso nome. Durante nossa existência nos são revelados cada um dos números que compõem o segredo que faz parte do processo de abertura deste cofre para então, depois de serem revelados todos os números e que tenhamos o conhecimento, nos ser entregue a chave do cofre.
Geraldo Cerqueira