A SEMENTE DA VIOLÊNCIA
A onda de violência que eclodiu em São Paulo e mais recentemente em Santa Catarina, não é mais do que esperar de uma sociedade movida pela democracia onde cada um faz o que quer ou o que pode. Brindamos o poder econômico acima de tudo. O capitalismo sem regras e sem limites esquece os desafortunados que não tem acesso aos chamados bens de consumo.
Nosso destino esteve sempre e continuará a estar nas mãos de poucos barões donos do capital. O termo democracia, não passa de uma palavra no dicionário, cujo verdadeiro significado morreu junto com o termo solidariedade. Não há um único palmo de terra que não tenha um dono. Se você cravar uma estaca ali, logo descobrirá que terá que pagar a alguém. Se não houver um dono, ainda assim será de propriedade do estado. O estado que estabeleceu as regras do jogo. Quem não tiver dinheiro, não joga.
Esqueceram que, quem não tem acesso ao dinheiro irá buscá-lo a qualquer custo! É a regra, nada mais que isso. Então criamos o crime organizado que agora começa a descobrir sua força. Não temo pelo fim do mundo previsto por profetas do apocalipse, mas pela mão do próprio homem. A guerrilha urbana eclode da opressão a que se submete a sociedade caótica que criamos. Nossas estradas não suportam mais o acúmulo de veículos lançados ao mercado diariamente. O resultado está nas estatísticas. Nem uma guerra mata tanto. A ONU já previa anos atrás que dentro de mais 50 anos seriam 3.5 bilhões de favelados. É natural portanto que este avanço já comece a mostrar suas conseqüências.
Soldados, são treinados para lutar contra soldados e não bandidos comuns em meio a multidão. Não há lugar no mundo em que você se sinta mais solitário do que em meio ao movimento nas grandes cidades. Mas a violência que temos hoje, é o resultado das sementes que a geraram. É portanto justo que colhamos o resultado do que plantamos. Estamos finalmente criando nosso próprio apocalipse a ferro e fogo, tal como fizemos quando tomamos cada palmo de terra e decretamos um valor para cada bem usurpado de terceiros. Assim caminha a humanidade rumo ao destino que ela mesmo criou. Destruímos o meio ambiente em nome do poder econômico. Agora não temos recursos para tapar os buracos que geramos.
O planeta sobrevive a duras penas, mas não é ele que precisa de proteção a não ser nós mesmos. Não há mais porque preservá-lo para uma geração que talvez nem chegue a sobreviver.
Lauro Winck