Nas areias da Praia de Camboinha

Hoje, nesta manhã de um janeiro ensolarado, abro a janela do quarto.O meu olhar castanho-cansado, se debruça curioso sobre o mar. E pela janela, aberta para a imensidão daquelas águas de um azul- esverdeado, vou deixando lá, bem longe, no limiar do horizonte, todos os resquícios de uma noite mal dormida.

Por alguns segundos, afasto-me da janela com receio, de não resistir aos apelos de ganhar as areias da praia. Mas, o meu traje de banho, de pronto, a mim se apresenta, o chapéu de praia, da minha cabeça se apropria, o criado mudo, me oferece os óculos de sol, então, descalça e sem as amarras das paredes da casa, meus pés invadem a beira do mar e andam muitos verões, comungando com a solidão.E assim, pouco a pouco, continuo andando atrás dos meus sonhos.Não posso, não devo, nem quero deixar-los por ai perdidos, jogados espalhados pelo meio da vida, sem vive-los no meu dia a dia. Os meus sonhos, continuo a busca-los e, vou muito além daquela curva que, costumo chamar "a curva da minha vida" que separa meus sonhos de alguns pesadelos, dos quais, tento fugir e não consigo.

Mas, há décadas passadas, de cabelos ao vento, sorriso no rosto desenhado e, olhar perdido no horizonte azul dos nossos sonhos de adolescentes, por estas areias, em juras de amor andamos. e em uma manhã, igualzinha a esta, sem medir as consequências, deixamos o encanto dos nossos sonhos escorrer por entre os dedos, desatando os laços de um amor que como nos contos de fada, tinha o destino dos eternos. Até hoje, não sei, se por capricho, amor próprio e ou excesso de orgulho, o tempo foi distanciando, não apenas os nossos corpos. E, hoje, por estas mesmas areias macias, finas e doiradas, vou refazer a "curva da minha vida" impelida pela fé que move montanhas.Pisando estas areias, crendo na força e no poder deste amor que vive em mim de belas lembranças, doces instantes e momentos mágicos, me alimentam a esperança, de qualquer dia, ao contornar "a curva da minha vida" encontre teus olhos castanhos brilhantes, nesta linda manhã igualzinha aquela outra manhã, de um outro distante verão e que a mim, parece, que foi hoje cedo.

E, em meio a estas areias, o barulho das ondas, o brilho do sol nascente, e o grito mudo de saudade que tenho em mim, no milagre da simbiose, por esta prolongada ausência, vou ao encontro das tuas pegadas, que nem as ondas desse belo mar,por nestas areias santas, conseguem apagar, estas areias doiradas, sacrário dos nossos sonhos. Eu, aqui estou, assim, de alma envolta na ternura das nossas mãos entrelaçadas e, no encanto do abraço por tanto tempo adiado, andando o mesmo passo na colheita das sementes deste amor que vive em mim, e, renasce em ti, como se tivesse o destino dos eternos.Entretida, por estes pensamentos, sou desperta pelo riso e gritos de crianças, que a mim soam como música aos meus ouvidos e, em meio a tanta felicidade faz a minha manhã mais bela no reencontro de amor, pelas areias douradas da Praia de Camboinha.

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 14/11/2012
Reeditado em 18/11/2014
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