A vaidade de Josefine

Josefine não tinha nada de vaidade. Dizia que não precisava dessas bobagens, que o que importava era o interior e tudo mais. Mas algo extremamente trágico aconteceu (abro um parenteses apenas para acalmar seu coração, não foi nada de tão ruim), sim, ela se apaixonou. Aí já viu, né? Horas na frente do espelho para se maquiar, arrumar o cabelo, escolher a roupa certa e todas essas frescurinhas que sempre a enojaram. E ela viu-se transformando em uma delas, daquelas menininhas insuportáveis, que são do tipo sereia: é linda, mas pelo amor de Deus, fica calada. Decerto que todas as pessoas do mundo devem manter uma preocupação da imagem que passa, como já diria Coco Chanel: vista-se mal e notarão o vestido. Vista-se bem e notarão a mulher. A imagem passada conta sim, e muito, mas o que enche o saco é esse povo que não sabe conjugar um verbo, não sabe ler uma frase sem gaguejar, não conseguem nem fazer uma equação de primeiro grau (está bem, confesso que peguei pesado, esse tipo de gente não sabe nem resolver conta de adição); pensam que tudo o que vale a pena é estética. Certo que eu posso estar exagerando (o que não seria a primeira vez), às vezes até que aparece alguém que é todo cheio de não-me-toques e, apesar disso, é bem inteligente e até que vale a pena, pessoas raras, de fato.

FINAL UM

Josefine conseguiu "fisgar" quem ela queria depois de ter se transformado numa garota que ninguém quer ter por perto, mas percebeu (a tempo) que isso não era para ela, jogou tudo para o alto e viu que o menino era tão insuportável como as amigas que tinha arrumado. Voltou para o seu estilo e viu todos se afastarem dela, ela não estava mais dentro do modelo. Josefine se recuperou muito bem, aliás, bote bem nisso. Percebeu quem realmente se importa com ela por quem ela é, e hoje anda por aí, de calças jeans e cabelo em coque, de mãos dadas com quem realmente pode fazê-la feliz e com amigas de verdade por perto.

FINAL DOIS

Josefine namorou o menino que queria, mas não conseguiu se livrar da vida de consumista louca. Conformou-se em ter amizades falsas porque elas conheciam sobre moda. Humilhava suas antigas amigas. Casou-se, teve um filho que foi bastante mimado, mas logo tornou-se humanista e largou todos os mimos para viver da natureza, com tudo isso entrou em depressão e acabou morrendo, seu marido viajou para Londres onde encontrou uma metida e logo a substituiu.

FINAL TRÊS

Tudo isso foi um sonho, Josefine não mudou quem era por causa de um menino qualquer que nem queria saber se ela existia. Realmente tem gente que não vale a pena. Aceitou seu jeito de ser, notou que se fosse buscar ser quem não era seria pior. Lutou por muitos anos contra essa sociedade hipócrita, mas encontrou amigos e um amor de verdade. E viveram felizes para sempre, ou quase isso.

Aninha Torres
Enviado por Aninha Torres em 14/11/2012
Reeditado em 15/11/2012
Código do texto: T3986220
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