DO PÓ DOS IMPÉRIOS...

Dias desses, observando uma demolição lá de cima dum belo mirante dum edifício comercial, ali a pegar carona no pó dos escombros que subia daquele recente palácio de compras de grifes de luxo que vinha abaixo sob a impiedade das escavadeiras, imediatamente eu pensei em aqui escrever sobre um sentimento forte que me norteia sempre que vejo algo ruir, e claro, também escrever sobre a atual mudança do foco econômico do mundo atual, sobre a quebra dos paradigmas financeiros e o consequente sufoco das estrelas "imperialistas", sociedades organizadas que sempre brilharam imponentemente na história da humanidade, enfim, escrever para repensar o quanto tudo ao nosso derredor está em constante movimento translacional, não apenas o sucateado planeta Terra ao derredor do Sol.

E por falar em Sol, nosso gigante astro, o mais estelar dentre todos os nossos humanos "sistemas estelares", talvez também não nos seja de eterna dádiva de luz, dadas as mudanças climáticas que também acompanham o intenso movimento, quase apocalíptico, que regem mudanças geopolíticas e sociais que não apenas pontuam o velho mundo...mas o novo também, este do qual agora dizem que somos considerável parte exponencial.

Dentro deste contexto, hoje a imprensa nos noticia as reivindicações populares da Península Ibérica nas quais os portugueses e os espanhóis foram às ruas para pedir clemência social aos seus governos.

Fato de arrepiar...

Paralelamente o mundo da América de cima, entre flagrante reeleição presidencial pelo social sofrido e sob suas tragédias climáticas, também patina para se sustentar numa formatação governável mais equitativa, mais socialmente justa e igualitária. É o que parece.

Lá doutro lado, o mercado comum europeu ajusta suas medidas sócio- econômicas austeras para manter a economia num patamar viável.

E nós brasileiros finalmente comemoramos nosso "milagre econômico" em plena crise, somos o futuro que chegou, o celeiro do mundo, embora sob inflação, desemprego não assumido, às voltas com a violência sem controle que apavora e na expectativa do desfecho do julgamento histórico, o da nossa mais justa e atual causa política e social, na tentativa de sanearmos a corrupção que nos dilapida.

Fato é que, sejam quais forem, Impérios trincam e ruem nem sempre com evidentes avisos prévios!

De fato, nenhum Império é para sempre, nem o econômico, nem o financeiro, nem o social, tampouco o político. Sequer o emocional.

E foi assim que senti ao olhar para a nuvem de pó que subia do palácio da moda paulistana que vinha ao chão, um chique endereço sampista que silenciosamente vinha abaixo, sem pompas e sem flashes, entre tantos estabelecimentos comerciais tradicionais que também nos pareciam impecáveis mas que ultimamente perdem seu poder competitivo...desde pequenas lojas até tradicionalíssimas redes de supermercados tidos como da "elite".

Tudo num rítmo meio "diferentemente"...parado.

Sinto que por aqui nem tudo é flores de primavera como nos tentam convencer as estatísticas noticiadas pela imprensa mais otimista.

Entre uma poeira e outra...quase despercebidamente, entre nossa tamanha poluição dos gases dos automotivos que tocam uma econômia que se equilibra sobre quatro rodas, muitos impérios, dos micro aos macroeconômicos, balançam sob o sol da "falação" e da estação das flores.

Sinto que bastará um sopro político descuidado, ou um ato populista sem misericórdia, para que um surreal cenário se descortine entre o vai e vem da cidade e do país que não param nunca, sequer para pisotear o pó dos escombros que nos ameaçam sob a caminhada dos nossos pés.

Avante Brasil, que DEUS nos sancione nossa maior lei:

"ORDEM E PROGRESSO"

sempre com ética e muita responsabilidade.