É incrível, como toda atenção é pouca para tentar bem viver. Ela é necessária a tudo, em todos os momentos, com todos, sem qualquer hipótese de exceção.
Nos relacionamentos de quaisquer tipos, torna-se ainda mais imprescindível. Seja por afeição, ou, pela falta de. Os gestos, as pausas, as expressões faciais e corporais... O olhar! Os detalhes da fala: tom, intensidade, velocidade, clareza, segurança. Tudo tem que ser levado em conta, em uma sociedade que convencionou não ser “elegante” dizer a verdade... Equação impossível de zerar.
Temos que ser “elegantes” com nossos chefes, com nossos empregados, com nossos credores, com nossos devedores... Em hipótese alguma podemos dizer o que pensamos daquela criatura insuportavelmente arrogante, que veio se juntar a nós na praia, sem ser convidada... Só para dar um exemplo. Não podemos nos manifestar sinceramente com aquele motorista de ônibus, com tendências a serial killer, pela forma de conduzir o coletivo. Ou, do táxi, que nos roubou na cara dura! Estou citando apenas, situações corriqueiras.
O que parecia ser uma saída polida acabou tomando conta de mais da metade de nossa comunicação. Fomos obrigados a nos tornar atores em tempo integral. Todos! Mesmo os que se pensam sinceros, em vários momentos do dia, são obrigados a aderir à “elegância”, caso contrário em pouco tempo, haverá conseguido mais inimigos que os condenados pelo STF. Aliás, uma pausa, para uma pequena comemoração: Uhu!!!! – Pronto! Voltando ao tema: é ilusão acreditar plenamente, integralmente, na tal “sinceridade”. Pode muito bem ser mais um caso em que foi requisitada a “elegância”. Mesmo entre amigos íntimos: impossível falar tudo! Isto é tão somente, uma constatação.
Diante deste quadro, a atenção tomou uma importância vital, para evitarmos aborrecimentos futuros. Pelas suas mãos, geralmente, podemos identificar, intuir, onde está a tão aclamada e pouco usada verdade. Seja nas brechas do discurso, onde podemos detectar alguma incoerência, seja na oculta intenção das palavras, seja no contraste entre elas e o corpo, entre elas e o olhar... Pode ser até no ritmo respiratório.
Uma vez constatada a falha, o dado fora do jogo, a bola arremessada inexplicavelmente, fora do estádio... Precisamos investigar, pesquisar minuciosamente, para ver até onde vai aquela fratura na essência do texto apresentado. Não, meus amigos. Não é fácil, não. É quase uma arte, de tanto que nos aprimoramos em ser “elegantes”... Mas, é indispensável, para termos uma ideia melhorzinha, de com quem estamos, de fato, interagindo. Sei que todos somos, em algum grau, incoerentes. Mas, incoerência tem limite.
Música linda:
joaodacaixa.com