Marco do tempo
A preocupação imensa com as coisas da vida nos faz pensar no tempo. Como ele poderia ser útil para a sua realização. Nem todos acreditam que o tempo é algo capaz de mover montanhas, de mudar os fatos dos acontecimentos. Ludibriam-se aqueles que acham que não há importância na verdade das coisas, em sua transparência, pensando que esta é mera futilidade.
Enganam-se aqueles que acham que não há vantagens em aproveitar o tempo. Precisa-se de força de persuasão para acreditar que cada tempo tem seu marco para as coisas e estas se tornam precisas mediante suas modelações. Temos fome e não saciamos as nossas necessidades. Por falta de tempo.
Acreditar que não pudéssemos ser aquilo que fantasiamos é pensar que não se pode mais com as nossas próprias forças. Pensar que já passara tempo nos faz perdê-lo ainda mais. E julgar desnecessário o apreço por cada momento nos modela cada vez mais reles. E perceber que as coisas mais findas podem realmente acabar na palma da mão. Ver que as coisas mais demoradas acabam de forma rápida. E este é o enigma da vida, claro às nossas visões obtusas que só enxergam suas próprias verdades.
Provar em que tempo convergimos é provar que somos fracos perante as nossas vontades. O medo do tempo dá força aos fortes e derrota os fracos. As pessoas se tornam corajosas mediante a necessidade de enfrentar o tempo que é mera presença natural e uma invenção do homem para conseguir as coisas no momento em que quiser. É quase perda de tempo dar conselho àqueles que precisam de tempo para viver, pois, para isso, é preciso vontade. E, para ter vontade, se gasta tempo.
Precisamos de tempo para degustar cada momento que a vida nos dá. Não para provar algo, dar satisfação para outrem. Mas compreender que o tempo não nos permite voltar atrás. Faz-nos ver que a vida corre em sentido horário junto com o tempo. Este pode nos nocautear a qualquer momento, mas, se quisermos, há como levantar. E, para isso, é preciso viver, mesmo que nos tome tempo.
A cada passo dado aparece alguma virtude que nos ensina a ter tempo para qualquer coisa que nos sobre, mesmo com pouco tempo para fazê-la. Embora haja quase nada, precisamos! E esperemos que o tempo passe. Somente.