Rede Social
ANTES DE MAIS NADA QUERO DIZER QUE, APESAR DE UMA EXTREMA REFLEXÃO QUE ESTE ASSUNTO NOS PROPÕE, POR TER SIDO ESCRITO NO COMEÇO DO ANO, ACABEI MUDANDO UM POUCO DE IDEIA (PRINCIPALMENTE PARA MANTER CONTATO COM PARENTES DISTANTES E PROFESSORES, DURANTE A GREVE E AS FÉRIAS)
Depois do Orkut o Facebook se tornou uma das mais populares redes sociais. E este é o grande problema: quanto mais cresce uma rede, mais desprezível ela fica. Quantas postagens sem noção, quantas imagens sensacionalistas, quantas frases de filósofos, literatos e tantos outros que, tenho certeza, não foram lidos por essas pessoas que citam. O pior: essas pessoas geralmente são garotinhas de 11, 12 anos que, por perderem seu primeiro amor, se acham “doutoras” em relacionamentos. Francamente.
E quanto a essas imagens sensacionalistas? Quantas são as fotos de animais decepados, estrangulados e outras atitudes perversas; quantas são as campanhas em prol das crianças, dos gays, dos negros, das mulheres... Não, não adiantará nada. Conscientização? Acredito que, se uma pessoa está numa rede social é porque ela tem um mínimo de informação. Logo, conscientização já existe. Cabe a pessoa tomá-la para si.
Muitos acham que com um simples “compartilhar” ou uma simples “postagem” vão mudar o mundo; estão fazendo sua parte. Não, vocês não estão! Levantem esse traseiro gordo e vão à luta! Querem ajudar? Doem, façam visitas, pensem nos outros antes de só pensar em você, economizem água, joguem lixo em local adequado e guardem suas ideias imbecis pra você. Não estou a fim de lê-las nem ouvi-las.
Também quero mencionar as fotos dos álbuns virtuais. Já reparou o quão bonitas e felizes são as pessoas por lá? E será que são? Hoje existe muita maquiagem e, mais que isso, o milagroso Photoshop e, provavelmente, você não esteve naquele momento junto às pessoas. Todos estão sorrindo diante das fotos. É uma maravilha. Um paraíso de sentimentos bons e momentos plenamente felizes. Não, nem sempre é verdade. Muitas são apenas poses. Apenas imitações de uma propaganda de margarida, onde a família é unida, feliz, vive numa casa ótima e tudo é perfeito.
Chega de acreditar em mentiras! Chega de acreditar que as pessoas são sempre legais, felizes e cults. Isso é só mais um status. Um status inventando pelas redes sociais, onde se torna muito mais fácil ser quem você não é.
Tudo bem, até aqui você pode ter discordado em grande parte. Mas, o pior disso tudo é que as pessoas acreditam que essa vida virtual seja mais importante. Você não é mais amigo de uma pessoa se não a possui em seu Facebook, nem tem mais namorando se isso não consta no seu perfil. Então me pergunto: por quê? Por que a vida virtual se tornou mais interessante que a real? Fantasias? Mentiras? Deixem isso de lado. Vamos viver a vida de verdade. Vamos visitar nossos amigos, conversar com as pessoas pessoalmente, ensinar nossas crianças a jogar bola, brincar de pique, soltar pipa, jogar bolinha de gude, aprender jogos de tabuleiros.
Depois de pensar absurdamente em tudo isso, exclui minha conta no Facebook. Mas antes, avisei que faria. Pra que? As pessoas se assustaram, acharam um absurdo. Houve até uma brincadeira de “rasgue seu RG e CPF, mas não delete seu Facebook”. Depois as questões: como vou me comunicar com você? Eu digo: existe o telefone. E para os mais próximos, a minha casa. Vou continuar existindo.
Em que ponto as pessoas chegaram? Que mundo é esse em que o virtual se torna mais importante? Não, eu não quero mais fazer parte desse mundo de mentiras, que consumia grande parte do meu tempo. Se isso vai me deixar menos popular, e daí? Não quero status, quero pessoas, afetos de verdade; quero saber o quanto a verdade dói e o quanto posso ser feliz vivendo, realmente.
(6 de Janeiro de 2012)