Gangorra Inversa
O Ocidente desenvolvido está em crise. Desemprego, situação econômica desacertada, PIB’s abalados, os países não conseguem crescer o que acham que mereciam. Espanha, Portugal, Grécia, França, Reino Unido e até mesmo os Estados Unidos. Quem dera fosse essa a crise dos países que se acham na América Latina e no Caribe, e alguns no Sudeste Asiático, as antigas colônias dos primeiros, basicamente todos subdesenvolvidos. Pois estes não podem reunir contingentes de soldados para invadir países mais fracos. E sustentar uma guerra por muito tempo. Não dispõem de "drones” para, sob controle remoto, lançar bombas sobre áreas urbanas, sem se preocupar se civis possam ser mortalmente atingidos. Não podem contar com dispositivos confiáveis para a proteção de suas fronteiras, como parece ser o caso brasileiro, etc.
Para todos os efeitos, é possível que ainda hoje vigore um planejamento global segundo o qual “tendências ultranacionalistas devam ser suprimidas”, tendências observadas no grupo dos não desenvolvidos. Na medida em que “regimes radicais e nacionalistas, responsáveis por medidas populares visando a imediata melhoria dos baixos níveis de vida da população”, são interpretadas como ameaça aos interesses dos países mais ricos, notadamente o de maior poder bélico dentre eles. Países que colocam para o mundo a ideia de que estão em crise.
Tal situação me faz lembrar da gangorra. Quando quem ficava lá em cima estava “de castigo”. E nós, aqui em baixo, o deixávamos naquela posição pelo tempo que quiséssemos.
Temos agora uma gangorra inversa. Os países mais fortes e mais ricos parecem tender a deixar os mais oprimidos e pobres indefinidamente “de castigo” lá em cima. Para que não se sintam ameaçados a trocar de posição. Nada melhor então que inventar ou sugerir uma crise. Que, ainda que exista, não poderá ser maior do que a suportada por aqueles que vêm sendo mantidos por tanto tempo “de castigo”.
Rio, 12/11/2012