Four more years

“Four more years” esta foi à frase postada por Barack Obama depois da confirmação da sua reeleição. Diferente do que a maioria das pessoas acredita; a eleição americana influi em todos os aspetos do nosso atual cenário políticio. Apesar de hoje nossas relações estarem mais fortes com os chineses, ainda somos parte desta América submissa ao poderio estadunidense.

Porém, não é disso que venho falar nesta crônica. Barack Obama foi o primeiro presidente negro que os estados unidos tiveram. Um homem que através da quebra de paradigmas e preconceitos; chegou ao cargo mais poderoso e almejado do mundo; a presidência norte-americana. Pensar que isso, séculos atrás seria impossível. Com a forte segregação racial vivida no país, seria difícil um homem negro chegar a tal posto. Devido a tamanho preconceito é que se derivou este sistema eleitoral tão diferente do nosso que vigora até hoje nos estados americanos. A polícia do voto indireto em delegados, que a partir daí elegem quem será o novo presidente. Tal sistema proveio dos príncipes alemães que não querendo a participação da massa popular nas decisões do governo criaram este sistema. Nos EUA, país símbolo da igualdade, adotou-se isso, para que se evitasse a chegada dos negros e de seus ideais à cúpula governamental.

Apesar disso Lincoln, presidente eleito pelo partido republicano, o mais conservador do cenário político de lá, declarou o fim da escravidão nos territórios estadunidenses. Porém apesar dessa suposta liberdade, os negros não estiveram livres do preconceito. Conquistando os direitos políticos que hoje se observa, devido a forte luta de Martin Luther King, que batalhou pelo direito ao voto e o fim dessa estúpida segregação.

Nisso, fico a pensar no que a cor da pele influi no que uma pessoa é? No caráter e na competência que um individuo possui? Uma pessoa não é boa nem má pela cor da pele que ela tem, mas sim, pelos atos e ações que ela demonstra. Vivemos numa sociedade de preconceitos. E, apesar de leis e documentos que pregam a igualdade entre os seres humanos, o preconceito continua. Seja no emprego ou na escola, no barzinho ou na lanchonete, existe sempre alguém que costuma olhar para o outro, de cara amarrada pela simples cor da pele. Costumando designar a “classe”, que o mesmo possui, levando em consideração apenas este fator, que nada diz a respeito daquilo que o indivíduo realmente é.

Vou contar uma história verídica. Recentemente, uma amiga contou-me um fato que ocorreu com a filha. Aluna universitária de uma faculdade particular, que a mãe conseguira uma bolsa integral devido a trabalhar no setor da faxina do estabelecimento. A garota, constantemente sofria perseguição do professor, tudo derivado da cor que ela possuía. Na mente do pedagogo, o preconceito enlameava seus pensamentos, o qual ficava se questionando de como um negro pode ser o mais inteligente, e o primeiro aluno de uma turma repleta de brancos? Na correção da avaliação da moça, ele adotava uma rigorosidade maior do que a dos outros, mas como dar errado em uma prova que estava completamente correta? Foi em uma dessas, que um dia levando as avaliações para sua residência, o professor resolveu sumir com a avaliação da garota. Adotando apenas naquele período a política de não haver avaliações substitutivas e outros meios de recompor a nota para quem a perdesse. Conclusão, ela ficaria com zero.

Para quem pensa que ela poderia reclamar na reitoria da instituição, se engana. Ela era bolsista, e como alguém que já tem o serviço gratuito pode reclamar? Pois bem, ela batalhou e lutou, tirou os nove que precisava na outra avaliação e passou, para o desprazer do mestre.

Não consigo imaginar que ainda existam pessoas assim. Verdadeiros primatas que não conseguem ver que todos somos compostos de carne e osso, somos todos seres humanos, conseguindo enxergar apenas barreiras no convívio social que cada vez mais segregam por cor, hábitos e costumes.

Chego à conclusão de que Obama é o símbolo mundial do fim disso. Mostrando com todas as cartas na mesa, a hora do basta para esse preconceito maldito que enlameia o pensamento de minorias que se julgam mais intelectualizadas. Torço para que Obama seja o primeiro de muitos negros que se encontrem no controle da nação norte americana, mostrando que até o país referência no cenário mundial, já abandonou práticas tão torpes e sujas de segregação como essas.

Vinícius Bernardes
Enviado por Vinícius Bernardes em 11/11/2012
Código do texto: T3980960
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