As pernas
Muito além da capacidade que é se apaixonar, o ser humano tem outra, que é a de se re-apaixonar. De voltar constantemente a apaixonar-se por sua paixão. Reafirmando a cada olhar, pensamento, toque, desejo, gosto... O quanto é divino esse estado empaixonado. E foi justamente o que aconteceu comigo nesses últimos dias: me reapaixonei. Não é segredo algum que sou lesadamente apaixonado por lábios e olhos, mas voltei a me apaixonar, e dessa vez o alvo foram as pernas.
As pernas daquela jovem me prenderam. Eu preso que já estava a ela, aumentei drasticamente minha pena. Só por cobiçar as pernas.
Tudo aconteceu no breve momento em que meus olhos pousaram suavemente diante desses monumentos. Paixão! Foi o que aconteceu. Pois, as pernas estavam lá levantadas ao ar distribuindo toda sua graça, força e simpatia ao mundo. Quando metidamente os olhos, que são intrusos, foram degustar de sua poesia; e que ao contrário de qualquer outra poesia, a poesia das pernas não se escreve nem se canta, se manifesta através do caminhar, e atinge sua glória lírica no dançar. E meus olhos viram deliberadamente o dançar que tais pernas proporcionavam, misturando a força e a graça numa musicalidade que apenas uma palavra explica: inefável. E poder ver, tocar e respirar delas, encheu meu coração de alegria.E poder admirar o dançar das pernas, foi a experiência máxima das noites em que fiquei sem dormir, só no pensar em pernas.
E agora aqui estou eu, não loucamente, mas conscientemente apaixonado pelas pernas e re-apaixonado pela jovem que cativa meu coração.