FLAMENGO X BOTAFOGO ou EMOCIONAL X RACIONAL
FLAMENGO X BOTAFOGO ou EMOCIONAL X RACIONAL
Amigos venho de um tempo que o Botafogo (junto com o Santos) era um time imbatível! Com raríssimas exceções podia-se ganhar uma partida do escrete abaixo:
Campeões do Torneio Rio-São Paulo 1964: Manga, Joel, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo; Élton e Gérson; Garrincha, Jairzinho, Arlindo e Zagallo.
Entenderam? Ele ganhava do Santos de Pelé! Não dava para competir...
Aí, hoje, me vem a maturidade cochichar nos meus ouvidos (“tu era um babaca mesmo”) e completa sua constatação , porque você não torcia pelo alvi-branco? Babaca mesmo... E meu coração, que doía, vem ser consolado pelo meu racional que entende o valor daquelas partidas no Maracanã, elas representaram para a minha cabeça cansada a minha primeira TERAPIA! Vou explicar-me:
Quando garoto eu morava no Alto da Boa Vista, isolado do mundo e o “meu mundo” era o Colégio São Bento, minha família e o futebol! Gostava mais do último... Isso é outro papo. Meu Tio Lula (não era presidente de porra nenhuma!) tinha o Botafogo no coração e sabia que o Flamengo era freguês. O trouxa aqui ia todo feliz ver os embates com a emoção de um garoto de 12 anos, na esperança que minha devoção pelo mais querido fosse ganhar da máquina de fazer gols que atropelava todos os times: o Fogão! Vejam o time que o rubro-negro tinha:
Marcial, Murilo, Joubert, Luís Carlos, Paulo Henrique, Carlinhos, Nelsinho(Nelson), Espanhol, Paulo Alves(Foguete), Airton e Oswaldo II(Fefeu)
Dava prá brigar? Claro que não, mas o coração falava mais forte que a razão. Meu tio fazia a campanha para eu mudar de time... Aonde já se viu isto? Vira-casaca??? Não, deixa sofrer... E sofri, muito, por várias vezes. Na ida era só alegria, sentado no banco da frente de um Jeep de guerra e na volta no duro assento metálico; com o coração e o rabo doendo eu ia dormir sonhando com uma futura solução para aquele problema, um anjo, quem sabe? E veio Zico, anos mais tarde para que eu pudesse dar o troco no meu Tio que, calado , aceitava o argumento: o Flamengo era o maior time do planeta! Garrincha já tinha se entregue à bebida, o Manga já tinha caído da mangueira, Gerson não era o mesmo: fumava e fazia propaganda! Minhas rezas tinham dado certo, São Judas Tadeu bate um bolão! Nossa Senhora da Conceição (padroeira do Botafogo) se distraiu e perdeu a mão com o time dela, tadinha, com tantos pedidos...
Bem, vamos à terapia: Aprendi a sofrer calado, vi meu mundo desabar e rezei para um futuro melhor, fui feliz em não trocar o meu emocional pelo racional. Hoje os dois times vão mal das pernas, o Flamengo com políticas erradas e o Botafogo sem um “perna torta” para desentortar o time. O futebol mudou, é comércio dentro de um poço de interesses; lá no passado os times tinham coração e jogadores fiéis, sem tanto dinheiro... Aliás, aprendi também que dinheiro estraga as verdadeiras emoções... Terapia colega, terapia...
Obrigado meu Deus por eu ter visto os gênios do futebol maior, o festival da canção com meus ídolos musicais, os Rolling Stones, Led Zepelin, Pink Floyd, etc... Vou parando para não humilhar o jovem leitor que acredita no Seedorf.
Abraços Rubro-negros!
Roberto Solano