UM DESCONHECIDO...

Por vezes sofremos o impacto de desconhecer o conhecido.

Vive-se muitos fatos e momentos dividindo sentimentos amigos e desenrolar de acontecimentos. Estes previstos e imprevistos, protagonizados ao longo do tempo. Sempre há a aproximação amiga, a palavra que conforta, o gesto que minimiza um sofrimento.

Estamos diante de um conhecido. Dele não se terá surpresas.

Na Suiça, cantada em prosa e verso como padrão de convívio, no que nada há de exagero, realmente lugar de tranquilo viver coletivo e respeitabilidade comum ampliada maximamente, vigora o “princípio da confiança”, fortemente nos cantões, mas também em núcleos habitacionais com maior densidade demográfica. Digamos que naqueles é previsão real e física, nestes funciona como exemplaridade de conduta,

O que é isto, “princípio da confiança”?

Nascido de uma educação do conhecimento pleno, ficou arraigado e conhecido nos cantões locais de poucos habitantes, porque todos se conhecem, praticamente. Assim não se terá surpresas, sabe-se quem nas ruas das pequenas comunidades está ao seu lado ou proximamente.

Este princípio passou a vigorar em cidades maiores de forma jurídica, pois se espera que nas condutas em geral (para exemplificar concretamente, inclusive na direção de veículos) as pessoas se portem regularmente, e não surpreendam contrariando normas.

Nos cantões não ocorrerá nenhuma surpresa, por saber o que posso esperar de pessoas conhecidas.

Transporte-se isso para os sentimentos. Nada de surpreendente se espera de conhecidos, como deslealdades e toda sorte de negatividades. Se ocorrem fica-se diante de um desconhecido que pensava-se conhecer.

O desconhecido que se faz conhecer de modo abrupto, devastando sua imagem, é como uma árvore plena de frutos maduros, sempre em produção e por isso admirada, que apodrece inteiramente.

Está lá, ainda no campo, no mesmo lugar, visível, mas seca, desfigurada, cinzenta e morta, enegrecida, não mais se conhece, ficou desconhecida.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 10/11/2012
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