O doce mistério das moedas antigas.

Na casa de minha avó havia um quintal grande de terra e com muitas árvores. Sempre que ia visita-la eu gostava de ir até o quintal e catar algumas moedas antigas que estavam sempre pelo chão. Havia muitas delas e elas estavam por toda a parte do terreno.

Lembro-me de ter feito isso por anos sem que elas se acabassem. As moedas pareciam mesmo brotar daquela terra. Toda vez que eu procurava, conseguia encontrar mais uma. E uma a uma lá estavam elas. Dezenas delas.

Às vezes eu passava horas e horas cavando na terra pequenos buracos com um pedaço de pedra escolhido cuidadosamente no quintal. E assim seguia em busca de mais um cruzeiro ou cruzado jogado pelo chão. Enquanto fazia isso inventava histórias.

As moedas antigas serviam de passaporte para viajar por qualquer lugar que minha mente pudesse inventar com elas. Às vezes elas eram ouro, às vezes era prata. Elas podiam ser moedas ou até outros objetos. Elas eram tudo que minha mente de criança poderia inventar. E por anos e anos elas foram parte da minha infância.

Quando ainda pequeno não perguntei a minha vó o porquê de estarem ali, suas origens ou quantas existiam. Não queria perder o encanto que as mantinha tão misteriosas e fascinantes em minha vida. E por conta disso nunca soube a origem de tantas moedas antigas. O não saber talvez fosse a razão de poder inventar tantas histórias com elas, ou quem sabe em minha mente de criança a origem não importasse. O fato é que hoje ao acordar encontrei 5 cruzeiros pelo chão e lembrei de todas as histórias que vivi na magia da infância encantada pelas moedas.

Hoje penso se minha vó não tinha ainda mais delas no armário. Se as colecionava. Se ali já fora um poço dos desejos... Talvez nunca descubra o motivo para haver tantas moedas aterradas pelo chão, ou o porquê minha vó nunca as varreu com as folhas. Mais a magia disto tudo está no fato de ao recordar as moedas, o quintal e a saudade de minha avó, posso mesmo após adulto pensar novas histórias. E se algum dia eu voltar aquele quintal. Sei que haverão lembranças eternizadas e moedas para sempre escondidas.