"Porra-louca"

Há certas expressões populares curiosas. Uma delas é a "porra-louca". Arrisquei-me então à dura tarefa de tentar examinar o seu valor expressivo. Entendi que porra-louca não é somente louca e muito menos porra. Louco é uma coisa, porra-louca é outra. Não tire a porra da louca senão vira loucura de vez. Loucura é uma insanidade besta, vista por todos como uma doença, a perda imperdoável do juízo. Já ser porra-louca pode ser legal, divertido e tolerável. É ser livre e louco quando quiser ser. É caminhar livremente no universo da loucura e da sanidade. É fugir do cotidiano de forma extravagante, excêntrica. Perdi a conta dos amigos porra-loucas que eu tive, inimigos ferrenhos do tédio, da tristeza e do preconceito. Os líderes revolucionários e mártires da humanidade eram o que senão verdadeiros porra-loucas? Foram os porra-loucas que sempre mudaram o rumo da humanidade, para o bem ou para o mal. Hoje, muitos os admiram sem terem coragem de segui-los na íntegra. A ousadia inconsequente os fizeram assim, livres e donos de si. Mas é um caminho perigoso. Um porra-louca incomoda muita gente, dois porra-loucas incomodam muito mais. Através dela vivemos nossa juventude revolucionária de ideais utópicos, para então nos tornarmos adultos e aprendemos que sanidade e loucura devem estar presentes em nossas vidas de forma equilibrada, guiando nossas ousadias e ponderações.

"Ser ou não ser? Eis a questão."