TRIBUTO AOS PIONEIROS

Sessenta e nove anos se passaram com a rapidez do vento que sopra.

Por entre as árvores que recobriam a montanha uma cidade surgia.

Com o vigor de semente lançada em terra fértil, rasgava o chão, rompia o isolamento, lançava-se nas alturas e multiplicava a vida.

O suor dos pioneiros regava o solo e imensos cafezais vieram substituir a floresta.

A poeira e a lama das rústicas estradas, abertas por picaretas, enxadões e machados, era como óleo santo a ungir aqueles destemidos escolhidos para a grande missão de transformar o ermo em centro de excelência, onde a vida florescesse e seus filhos tivessem alegria de viver.

O ano era mil novecentos e quarenta e quatro; O mundo estava em guerra; Os canhões rugiam e o aço das metralhas rasgava as carnes e varriam o bom censo, mas Deus indiferente á estupidez dos homens, criava um oásis de paz, sobre o dorso de uma grande montanha no meio da floresta.

Da porta do rancho de pau a pique, coberto de “tabuinhas” ou “sapé” aqueles homens e mulheres sonhavam o mesmo sonho, vislumbrando o mesmo futuro, tendo como musica de fundo o grito do bem-te-vi e o cântico do sabiá, trazido pelo sopro do vento que balançava a copa das arvores.

Como dizia o poeta, - O sonho que se sonha a só é somente um sonho que se sonha a só, mas o sonho que se sonha a dois é realidade - e todos eles sonhavam o mesmo sonho de olhos abertos e mãos calejada empunhando bravamente as ferramentas que garantiria a transformação do sonho em realidade, e da incerteza em vitória absoluta.

O destino glorioso desse povo já estava escrito no magnífico por de sol do alto da montanha:- aquele pedaço de chão perdido no meio da floresta era terra escolhida e chão consagrado, seria o berço de muitos irmãos, e pólo de uma vasta região.

O mundo pertence a Deus e Ele o empresta aos valentes; e a bravura daquele povo haveria de ser recompensada; seus sacrifícios não seriam em vão, suas vidas tinha sido aceita como divina oferenda: fumaça de incenso, óleo doce, flor de farinha.

Sem saber estavam lançando com suas vidas a pedra fundamental desta grande cidade conhecida por muitos nomes: cidade alta, cidade das andorinhas, noiva da colina, bela e justa, cidade educação, mas batizada por nossos irmãos guaranis de Apó-caarã-anã, a nossa querida Apucarana, e que permanece até hoje, e se tornou a “nossa cidade”, carinhosa mãe que acolhe seus filhos de tantas raças, beijando-os com seu vento vivo, perfumado, com as flores da serra do cadeado.

Muitos dos irmãos que chegaram aqui sobre “lombo de burro” e que dormiram em “tarimbas” já voltaram para casa, para receber das mãos do pai de todos nós, a justa recompensa, mas se pudessem ver através da janela do tempo, ficariam orgulhosos da boa semente que aqui plantaram: povo bom, acolhedor, honrado, trabalhador que mesmo sendo morador de uma quase metrópole, tem a solidariedade das pessoas simples, preocupados com suas crianças, com seus pobres e com seus velhos; as famílias ainda se visitam. Comparada a outras cidades do mesmo porte o índice de violência de Apucarana é quase zero, com seus jovens podendo andar despreocupados pelas ruas sem medo de tombar vítima de uma bala perdida.

Do risco do arado puxado por “juntas” de boi, surgiram ruas asfaltadas, bairros nobres, escolas de primeira qualidade, belas praças, quatro grandes parques industriais, saúde pública de bom nível, três faculdades sendo duas particulares, uma estadual e uma universidade federal, lagos belíssimos, diversos núcleos habitacionais, cinco emissoras de radio, dois canais de tv, Um jornal diário, três semanários e o maior pólo fabricante de boné da América latina.

A neblina que envolve esta cidade nas manhãs de inverno, quando aquecida pelo sol, revela uma jovem senhora de muitos edifícios, que tendo sobre a cabeça um céu azul de poucas nuvens, lhe confere um ar de paraíso.

Parabéns a você meu irmão e minha irmã que ama essa terra, muitos anos de vida pra você que não se esquece que somos personagens escolhidos por Deus, para santificar esse lugar, honrar a memória de nossos antepassados e dignificar a nossa posteridade.

A historia é dinâmica e julga seus personagens com fidelidade, seja ele herói ou vilão; observado por essa grande multidão de testemunhas que até agora fizeram nossa historia, como você deseja ser lembrado daqui sessenta e nove anos?

Pense bem nisso!

Gilbertolima

Apucarana-PR.

Gilberto F Lima
Enviado por Gilberto F Lima em 09/11/2012
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