Leilão de virgindade
Leilão de virgindade
Já vi leilão de muitas coisas, por vários motivos, e alguns bem nobres até. Já participei de muitos com o intuito de ajudar instituições, estender a mão quando precisam de minha ajuda. Já vi também, pelo cinema, cenas de obras de arte sendo leiloadas e disputadas por quem tem mais dinheiro. E leilões de imóveis e móveis, quando por falta de pagamento ou confisco, mercadorias são leiloadas para minimizar prejuízos. Mas leilão de virgindade é um evento tão ignóbil e asqueroso que não deveria ocupar a atenção da imprensa, responsável por divulgar o que está em destaque no mundo. Ou, por outro lado, deveria ser divulgado com o teor crítico necessário para chamar os envolvidos à razão, principalmente a proprietária da “peça” a ser leiloada, que nos leva a questionar sua formação e valores éticos e morais, que nesse caso foram relegados ao último plano.
Em pleno século 21, não há como cobrar a postura de uma pessoa maior de idade sobre a forma de conduzir sua vida ou explorar seu corpo. A individualidade é inquestionável, cada um faz de si ou para si, aquilo que acha que deve ou merece. Esse não é o caso. O que não pode acontecer é uma aberração dessas ganhar destaque na televisão brasileira e de repente se transformar em celebridade. Parabenizo a opinião pública que se manifestou contra a presença da referida moça num desfile que aconteceu nesta semana nos EUA, sob a alegação de que ela não era um exemplo positivo, que a sua fama ao invés de valorizar, ridicularizaria o evento. No entanto, nesta manhã ela já estava no programa da Ana Maria Braga, no maior estrelismo e ainda dando respostas provocativas. Aconselhou àqueles que criticavam o leilão, que também leiloassem o excesso de moral, caso tivessem. Pena que não houve ninguém para sugerir que nesse caso, ela deveria ser uma das candidatas a arrematar um pouco para si própria, pois é justamente a moral da juventude brasileira que são corrompidas por atitudes impróprias como a dela. Infelizmente isto pode influenciar outras meninas que ainda não tenham julgamento de valores desenvolvido e que podem sair por aí, se leiloando também a troco de dinheiro ou de destaque em algum jornal fajuto, que adore pornochanchadas.
É muito triste saber que houve procura de candidatas pelo mundo inteiro e só aqui no Brasil foi possível encontrar alguém que se prestasse a esse inglório papel. E mais triste ainda é pensar que ainda existem homens que enxerguem o sexo como mercadoria e que estejam dispostos a pagar tão caro por algo que deveria ser uma conquista, uma troca, um momento íntimo baseado em amor, paixão ou desejo, mas na relação única de duas pessoas. Deve ser muito triste e deprimente sair de um encontro assim, manipulado por pessoas estranhas, controlado por cláusulas contratuais e acertos financeiros. E receber dinheiro para se entregar a um estranho, como se fosse uma máquina ou uma meretriz, também não deverá ser uma lembrança doce na vida dessa infeliz, que ao contrário do que pensa, jamais será vista como orgulho no quadro de mulheres de destaque da sociedade brasileira.