RESSENTIMENTO.

Um dos piores sentimentos é o ressentimento aprisionado que não se aclara, a mágoa. Não se mostra, quando devia, resta sorrateiro, se esconde da franqueza para dar o bote, é hipócrita assim, se veste da indesejada surpresa. Se apresenta como o ladrão que espera o momento certo para conseguir ter êxito.

De forma inusitada surge, se expande com vontade de ferir. Espera protagonizar a arma que abre chagas profundas e que faz arder intensamente o objetivo visado, como brasa viva.

É caricatura da verdade, não responde incontinenti atos desconformes, se assim os entende, o que faz a via do esclarecimento desanuviar entendimentos, se plasma na mentira do convívio, estimulado para chocar quando manifestado como algoz da realidade daqueles a quem vai magoar adredemente.

Vive esgarçado, sem inteireza, linearidade sequencial. Cava fundo o poço da discórdia.

Mostra prazer nessa conduta recôndita, se maravilha com a ofensa externada, se apraz com a vontade irrefletida, era a vítima de um suposto conflito sem contraditório ou claridade, e acha-se no direito de ficar nas sombras para encenar a peça do mau gosto nas horas indevidas.

Só a autenticidade e a franqueza põem em derrocada esse cinzento sentimento, que extrapola da legitimidade por não se forrar de sinceridade.

Devemos ser mais francos que a franqueza, exercendo até mesmo a retorsão na hora do agravo, se assim entendemos fatos desavindos, respondendo-os na mesma altura, do que viver nos porões insanos do ressentimento, aguardando como as serpentes, o momento propício de desfechar o golpe que irá perpetuar a mágoa.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 08/11/2012
Reeditado em 16/02/2022
Código do texto: T3975157
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