CEGUEIRA VOLUNTÁRIA E ESCOLHA.

Escrevo neste espaço por força de impulso pessoal. Não posso abortar vontades legítimas que brotam de necessidades espirituais, entenda-se espírito como nosso interior, não como a palavra que define “sopro bíblico” no verbo teologal.

Ontem em contato com texto de Anabaillune, moça de talento e criatividade, recebido por email, considerei o mesmo, declinado no arrazoado “INESPERADO” por ela, reeditado em crônica com a iterada gentileza de dedicar a minha pessoa a reedição.

Alguém em comentário falou da missão pessoal de cada um. Tanto é verdadeiro e insofismável esse traçado, missão, que a individualidade existe de forma única. Ninguém é igual a ninguém. Esse lacre, selo personalíssimo, traz o sinal missionário.

Como e onde? Na vida e jornada que vamos encetar, sendo diretriz e nutriz dessa missão o movimento de causa e efeito.

A ESCOLHA, dirigida pela vontade manifestada no mundo exterior, dá o sentido da missão.

Esse processo volitivo é consciente, direcionado, endógeno.

Temos a cegueira voluntária sob esse aspecto, quando essa “cegueira que vê”, valha o paradoxo, se dirige para o caminho errado, que traz danos, que é censurado, que está à margem dos rumos de ética definidos por convenções unânimes.

A “cegueira voluntária”, diz o conceito, nasce da voluntariedade, e esta sabe o que está elegendo. Conscientiza-se no processo eletivo conduzido pela vontade. Ninguém faz o que não quer, a menos que esteja sob coação a vontade, quando então chamamos o ato eleito de vício da vontade, e se trouxe danos exculpa o agente, o ator, e é nulo se modifica exterioridades com eiva de comprometimento, econômico ou moral.

Outra coisa é o inesperado, o que surpreende e a vontade não espera, acontece, uma cegueira involuntária pode levar ao inesperado, então a consciência estava ausente, e a involuntariedade presente.

Existem cegueiras que veem com argúcia, como a da deusa Temis da justiça, tão confundida a venda em seus olhos. Sua ceguidade se dirige à isenção, não vê poderosos, influentes ou qualquer qualificação entre as partes que litigam, está distante e acima delas, julga imparcialmente.

Este é o sentido da ceguidade filosófica da justiça e sua deusa representativa, tão confundida. Uma cega que vê.

“A vida é totalmente inesperada”, disse Ana, e assenta também, “Mas a escolha é sempre nossa.” Naquela, no inesperado do qual não escapamos, está a surpresa e distante a vontade, nesta a nossa presença escolhendo, arbitrando, colocando nossa intenção para o resultado.

Estamos diante de duas cegueiras, uma que vê e a outra que nada pode ver. Uma calculada, a outra sujeita ao que lhe traz a surpresa, e essa calculada, diga-se, é o grande temor da vida por magoar, ferir, espancar emoções, matar enfim as grandes passagens esperançosas acalentadas pelos humanos, quando direcionada erradamente.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 07/11/2012
Código do texto: T3973460
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