Saudade
Lembro que de minha sala via as casas de Santa Teresa. Era como um quadro pendurado na parede da sala. Agora atravessei a baía e distante geograficamente, mas não emocionalmente, lembro desse quadro real com bastante saudade.
Hoje da minha janela vejo uma paisagem bem diferente. Uma árvore. Um gramado. Sinto saudade das pessoas que habitavam a janela de minha sala de meu antigo apartamento. Sinto saudade das casas que estavam em constante mudanças. Um mês o quadro da sala mostrava um punhado de casas diversas, de cores diversas; outro mês as casas pareciam únicas, com menos cores. Da janela de minha sala controlava as horas com o barulho da passagem do bonde ou com o sino da igreja.
Hoje da minha janela vejo a mudança pelas folhas da frondosa árvore pendurada no quadro de minha sala. Cada mudança nas folhas denunciam o tempo que estou distante de meu quadro antigo. Quando a árvore começa perder suas folhas tento imaginar o antigo quadro como estará.
Debruçado sobre a nova janela, olhando para a árvore de meu quadro pousou um bem-te-vi. Disse-lhe: "Diga à Santa Teresa que em breve voltarei". Ele voou...