NÓS, DE MÃOS AO ALTO!

Minha presente e redundante crônica eu a dedico ao medo.

Medo de viver numa cidade grande, famosa por ser cosmopolita, uma megalópole que sempre abriu seus braços à cultura, ao lazer, à gastronomia, às artes, à diversidade humana, berço dos migrantes das nossas diversas regiões brasileiras e dos imigrantes, enfim, povos vindos daqui e de todo o mundo, todos que tanto nos ajudaram a nos construirmos e a nos constituirmos na grandeza do todo que juntos... hoje somos.

Todavia, uma cidade insegura e temerosa que pede por socorro.

Uma cidade em pânico, com medo de dobrar as esquinas, de circular nas ruas e avenidas, de andar nos parques, de parar nos semáforos, de curtir uma happy hour; uma cidade a espreita das balas perdidas que matam mais que guerra , sem piedade, inclusive aos inocentes.

Uma cidade que demorou demais para reconhecer a gravidade do seu atual status de violência.

Uma cidade que procura e espera por respostas às tanta vidas ceifadas em tão poucos dias, sob a incompreensão nosso espanto.

Uma cidade abandonada a própria sorte sem sequer reconhecer a gênese crônica da eclosão subaguda dos seus tantos problemas sociais.

Uma cidade literalmente de "mãos aos alto!", assaltada na esperança e sucumbida na matança animalesca duma atualidade que se não valoriza a vida, o que dizer da cidadania...

Uma cidade que sequer tem forças para discernir e optar entre a vida e a morte e que em meio às reuniões dos palácios aprende aos poucos a se resignar com os novos tempos em que nada mais indigna.

Enquanto isso as eleições do vizinho ganham as nossas atenções...

Que sabe encontremos a solução para os nossos problemas nos vizinhos eleitos.

À minha querida cidade presto minhas sinceras condolências futurísticas...com votos não eleitorais de urgentes milagres.