CURITIBA
O dia foi clareando aos poucos. O sol preguiçoso, vez em quando, como quem afasta a cortina da janela, espiava por entre as densas nuvens e deixava escapar alguns raios por sobre os pinheiros imponentes ao longo da estrada macia, suave como colchão de espuma de sabão.
O número cada vez maior dos pinheiros não deixava margem para dúvida, estávamos no Paraná, terra natal da Araucária angustifólia e da Cyanocorax caeruleus, a gralha azul, que por seu saudável hábito de guardar alimento para os períodos de escassez, espalhou pelo terreno acidentado onde viviam os índios Tingui, as sementes dessa belíssima árvore.
Sem sombra de dúvida, Curitiba é uma das mais belas e encantadoras cidades do mundo.
Os contrastes entre pobre/rico, velho/novo, tradicional/moderno, convivem em perfeita harmonia e o forasteiro, ainda que desacompanhado, não se sentirá só nem perdido porque a infraestrutura turística fornece a maior parte das informações pelo incontável número de placas indicativas espalhadas por toda a cidade, nas paradas dos ônibus, nos parques, nos museus, nas praças, nos restaurantes, nas galerias de arte e tantos outros locais para onde somos levados pelos ônibus da linha turismo (daqueles com as cadeiras no piso superior e que só recebe capota nos dias de muito frio ou chuva).
Como qualquer cidade brasileira, Curitiba sofre com o vandalismo dos pichadores, dos ladrões de placas de bronze e dos filhos de chocadeira (para não dizer o nome correto) que fazem questão de distribuir o seu lixo com todos, nas ruas, nos parques, nos cursos d’água, etc.
Eu considero que todos os locais são de visita obrigatória, mas há que se destacar o Bosque do Papa, construído como memorial da visita do Papa João Paulo II em 1980, que nos remete diretamente à Cracóvia, com suas casas e capelinha dedicada a Nª. Sª. de Czestochowa (padroeira da Polônia) feitas de troncos de árvores e que pertenceram aos primeiros povoamentos imigrantes.
Tem também a culinária polonesa de tempero suave cujos pratos têm nomes impronunciáveis para quem só fala o idioma português e o maravilhoso doce kremóvka da confeitaria Kawirnia Krakoviak (diante desses nomes com tantas letras que mais parecem sopa de letrinhas, fico imaginando o trabalho insano das professoras da alfabetização. Coitadas!)
Diante do Museu Niemeyer, constatamos a genialidade do grande arquiteto ao conceber um prédio, 100% funcional, no mesmo formato do pinheiro e a cúpula do prédio principal, sugere um olho, instigando o visitante a contemplar as obras de arte em seu interior.
No Jardim Botânico visitamos a estufa com plantas tropicais; no Parque Tanguá atravessamos o túnel escavado na rocha que liga dois lagos; em Santa Felicidade caminhamos pela rua observando as vitrines; na Rua 24Horas tomamos café; vimos também a Ópera de Arame, o Teatro Paiol, o Museu Ferroviário, o Centro Cívico, o Memorial Árabe, o Teatro Guaíra, a igreja de S. Francisco com sua gruta forrada de ex-votos e a catedral de Nª Sª da Luz dos Pinhais, padroeira de Curitiba.
O povo paranaense é muito gentil com seus visitantes e nós tivemos o privilégio de conhecer a consóror Conceição Gomes e o seu esposo Luis Carlos (Caio para os íntimos) que não mediram esforços para que nos sentíssemos em casa em todas as horas que nos presentearam com sua companhia.
Normalmente quando conhecemos um local, ficamos com vontade de voltar para rever todas as belezas e novamente desfrutar dos momentos felizes.
Com Curitiba é diferente porque, viver Curitiba é uma experiência tão gratificante, que nos deixa com vontade de não mais voltar para casa e ficar por lá de vez.