CONSULTAR O TRAVESSEIRO!
Consultar o travesseiro!
Será mesmo sempre uma boa?
Tem gente que não fica sem essa consulta, mas como sempre, também não decide nem resolve nada.
Deita com dúvidas e acorda com pesadelos.
Toda a vez que precisa tomar uma decisão, garante que vai consultar seu melhor conselheiro. O travesseiro.
E acorda no outro dia sem qualquer resposta ou ideia melhor para sua vida.
Esse tal de travesseiro, na verdade é um travesseiro cheio de travessuras.
Põe-nos a sonhar com as ondas do mar, gotas da chuva, manhãs de sol radiante, noites de luar, abraços, beijos, carinhos, caricias. Sonhos ternos e eróticos.
Ele é muito bom como desculpa para uma resposta evasiva para a pergunta, “Conversou com seu travesseiro ontem à noite?”
“Sim. Mas ele ainda não me disse nada.”
E o que dizer quando estamos com a cabeça apoiada, ou dormindo no travesseiro que não é o nosso?
Tem certas horas em que nem sequer nos lembramos de que existe um travesseiro ou de longe pensamos de alguma conversa qualquer com ele, porque nem sempre dá tempo. E nem lembramos que como de outros, ele também vai guardar muitos segredos que gostaríamos, fossem só nossos.
Imaginem se um travesseiro destes resolvesse contar para o ocupante seguinte o que pensou, disse e fez o anterior.
Ops! Putz! Caraca!
O nosso travesseiro nem pode ficar sabendo da existência do ou de outro. Nem pensar!
O que será que ele iria dizer?
Na certa, talvez nem fossemos nós a conversar com nosso travesseiro. Mas ele, a nos chamar a uma conversa mais séria. Não?
Na certa, nenhum de nós iria dizer, “Vou consultar meu melhor conselheiro, o meu travesseiro.”
Se quiser, vá. Mas cuidado. Ele sabe cada coisa de seus sonhos!
Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante. Esta crônica está em mais de noventa jornais impressos e eletrônicos no Brasil e exterior. Contatos, ajrs010@gmail.com