Um conto sobre o conto
- Queria ser boa em algo como desenhar, pintar, cantar ou simplesmente fazer algo que impressione alguém a ponto de dizer que é lindo seu trabalho. Confessa Anne.
- Mas você escreve, tira do seu peito todo tipo de sentimento e coloca no papel, fazendo com que nossos sonhos tornem-se sempre mais reais, mesmo quando sabemos que não é assim. Você traz a esperança. Disse Laura, acariciando seus fios de cabelo que teimavam em cair no seu rosto.
- Não acho que seja suficiente. Nunca vi algo que possa valer em mim; talvez seja porque deposito essa esperança nos meus personagens; ou talvez tenha medo de alcançar o inalcançável para mim). Minha cabeça é a mais confusa teia de sentimentos possível. Não sei como consegues gostar de mim.
- Você soa extremamente linda quando fica com esse ar pessimista, mas não sabe porque é exatamente o que faz: nega. Laura sorri, colando seus lábios com Anne, que deixa escapar um suspiro.
- Agora não sei o que dizer.
- Você já diz para o mundo com suas palavras. Queria ser uma de suas protagonistas, para entrar na sua mente e desvendar todos segredos.
- Vou preparar o café. Laura preparava-se para levantar da cama.
- Não, fique mais aqui comigo. Suplicava Anne.
- Não consigo dizer não. Laura sorriu, enroscando-se no corpo de sua amada.
- Gostaria de ficar assim até a eternidade. Disse Anne.
Mas o que realmente refletiu foi o seguinte:“ Tola mulher, em pensar que sou tão vulnerável assim. Agora tenho mais material necessário para o próximo livro e uma bela desculpa para mais uma morte lenta dessa fiel romântica!”
E o escritor termina mais um conto, enquanto dá o último gole no café, preparando-se para mais um dia de rabiscos.