Onde está Ali babá?
José Dirceu já está pronto para o pior, ou seja: sua condenação em regime fechado por envolvimento com o mensalão.
Sua primeira mulher, com quem foi casado por quatro anos, Clara Becher de 71 anos, mãe de seu filho mais velho, o deputado federal Zeca Dirceu, jura de pés juntos e mãos postas, que ele é inocente. Diz a velha senhora em tom de súplica: “Meu medo é que ele se mate na prisão". Tenho certeza de que "Dirceu não é ladrão". "Se ele fez algum pecado, foi pagar para vagabundo que não aceita mudar o País sem ganhar um dinheiro” (...)” Se ele pagou, foi pelos projetos do Lula”; afirma, referindo-se ao pagamento a parlamentares da base aliada, também conhecidos como, mensaleiros.
Para ela, militantes do PT como Dirceu e José Genoino, ex-presidente do partido, estão sendo sacrificados. "Eles estão pagando pelo Lula. Você acha que o Lula não sabia das coisas, se é que houve alguma coisa errada? Eles assumiram os compromissos e estão se sacrificando", esbraveja-se.
Em reportagem publicada a revista “Veja” afirma que Marcos Valério, apontado como o operador do mensalão, disse a pessoas próximas que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era o "chefe" e "fiador" das operações e tinha conhecimento do suposto esquema, atualmente em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo a reportagem, Lula "teria se empenhado diretamente na coleta de dinheiro" para o esquema e tinha o ex-ministro José Dirceu, réu no processo do mensalão, como seu "braço direito".
Marcos Valério apenas confirma o que o Brasil todo já sabia. Não existe novidade nenhuma nas suas revelações. Não houve nenhum impacto nas afirmações de Marcos Valério. O que causaria espanto seria a denunciação de Lula como chefe da quadrilha. Certamente isso o Brasil não vai presenciar.
Há de se temer pela vida de Marcos Valério, remember Celso Daniel? Por bem menos pagou com a vida.
Negar o óbvio é impossível! Todos os denunciados e julgados no processo do mensalão, beijavam a mão do Lula, gesto precedido de genuflexão em sinal de respeito e veneração.
A quadrilha foi instituída, no centro do poder, para a prática de crimes que, separadamente, já seriam muito reprováveis; em conjunto, vulneraram a própria democracia.
O STF não só está aplicando a lei prevista para todos os mortais. Está fazendo valer a divisão de poderes, cumprindo seu papel de guardião da Constituição Federal.
Propala-se que o caso do “mensalão” constitui julgamento de exceção, quando, na verdade, revela-se um dos mais circundados por garantias, pela transparência e pelo fato de os magistrados mais preparados da nação terem efetivamente se debruçado sobre os autos.
A característica de um tribunal independente e imparcial é justamente esta: o julgamento basear-se exclusivamente na prova que está nos autos. Esse tipo de comportamento faz legítimo o julgamento. Nos autos não consta o nome de Lula, sequer vislumbra-se, o que prova a fidelidade dos mensaleiros.
“Quod non est in actis non est in mundo”, o que não está nos autos não está no mundo. Este é um velho brocardo que vem do Direito Romano e que é adotado nos Judiciários de Estados democráticos. Nesse axioma jurídico, tem o sentido de verdade real. Não é verdade se não está nos autos.
Contudo está faltando alguém neste julgamento. A quadrilha está sendo julgada sem o seu líder. Onde está Ali Babá?