AVALANCHE...

Ao ver crescer a violência nos grandes centros urbanos, tendo suas raízes fincadas nas camadas mais pobres da sociedade, observo com muita apreensão que o perigoso iceberg está mostrando apenas uma pequena parte; que o problema vai muito além dos planos do assaltante ou da fumaça da arma do homicida.

Nenhuma criança nasce bandido ou se torna um, por decisão deliberada, quase sempre são levadas a isso por problemas estruturais e conjunturais, que envolve o seu mundo pessoal a revelia de sua vontade e controle.

Essas crianças, quase sempre são oriundas de famílias desestruturadas; geralmente estão fora da escola; não é regra geral, mas moram na rua ou em bairros insalubres e vivem abaixo da linha de pobreza; muitas, toma apenas uma refeição por dia; não tem esperança; começa a mendigar muito cedo ou a praticar pequenos furtos para matar a fome; não tem sonhos pessoais.

Crescem fustigados constantemente pelo horror da miséria, até que um dia, deixam estendida na poeira da estrada, o que lhe restou de auto-estima e dignidade pessoal, perdendo de vez este sentimento precioso, que o torna diferente dos animais irracionais e que os faz filhos e filhas de Deus.

Fechar os olhos a problemas desta gravidade é como virar as costas á avalanche que rola da montanha, não é preciso ser vidente, para prever o tamanho de suas conseqüências.

A criança terá o tamanho do amor que lhe dão; temos que tomar cuidado, para não estarmos deixando traz de nós uma legião de mutilados, no que se refere a sentimentos nobres, sem esquecer que nos anais do tempo, ficará registrado para sempre, que nessa breve nesga de tempo, éramos nós os responsáveis por esse mundo.

O Brasil teoricamente tem o mais avançado código de proteção da criança e do adolescente do mundo, mas não funciona plenamente, pois esquecem que as pessoas não são personagens fictícios, que o frio; a fome; o medo; a desesperança as atinge de fato e não de maneira teórica.

Que para fazer do menino de rua que nunca experimentou o respeito e o amor de uma família verdadeira, em um adulto equilibrado, responsável, comprometido com a vida, não bastam a redução da maioridade penal como querem alguns políticos desiquilibrados ou reformatórios como a antiga FEBEM ou esquecidos abrigos de menores onde se amontoa criança de todas as idades; tem se que, reconstruir seus mundos, devolver aos pais emprego com salário justo, capacitando-os se preciso for; é dever do Estado possibilitar moradias dignas; saúde pública preventiva; escola pública de qualidade; proteção contra a violência e as drogas; esperança. Enfim devolver-lhes a capacidade de sonhar e acima de tudo o direito constitucional de ser criança.

O povo não espera do governo somente uma humilhante sexta básica travestida de bolsa família, através do projeto fome zero.

Quer poder planejar suas vidas, comprar sua própria comida onde quiser, ostentando no rosto cansado depois de um exaustivo dia de trabalho a alegria e a dignidade de quem não precisa de esmola, mas de justiça.

Gilbertolima

Gilberto F Lima
Enviado por Gilberto F Lima em 05/11/2012
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