GUERRA JUSTA?

Em princípio as guerras, todas, são injustas. Não se pode coroar de justo o que gera violência.

Muito se tem lido na grande imprensa sobre o paradoxo de receber um “Nobel da Paz” e, concomitantemente, capitanear guerras, principalmente, sob essa concessão, enviar e engrossar tropas militares. O personagem do aparente paradoxo é Obama.

A humanidade e sua história sabem que o ser humano nunca viveu sem guerra.Por isso não significa um paradoxo um mensageiro da paz fazer a guerra, a “guerra justa” como nominada por Obama.

Não existem milagres no convívio humano. Com a consciência o homem está saindo das trevas para a luz, vagarosamente, da inocência para a escolha. Não se sabe se a espécie humana, como outras, estruturalmente mais fortes, passará antes de compreender sua missão.

Ninguém além do tempo poderá testemunhar essa possibilidade como testemunhou a extinção dos dinossauros.

Direito é luta, já ensinava o maior romanista de todos os tempos, Rudolf Von Ihering. Só se preserva o bom direito pela conquista da luta. Joana Darc apregoava que o bom direito se faz pelo fio da espada, pela luta, e era conhecida como “Fille de Dieu”.

Os maiores valores da cultura ocidental se fundaram na guerra, somente para ficar no século dezoito. Napoleão confirmou as conquistas que abafaram o feudalismo e a monarquia que escravizava sufocando as possíveis guerras desenhadas contra a revolução por outras monarquias europeias. Eram “guerras justas” que silenciavam os que queriam silenciar a conquista das liberdades. Muitos morreram por estas liberdades.

José Guiherme Merquior, uma das maiores perdas da intelectualidade brasileira, diplomata precocemente morto, diz no prefácio do “Dicionário Crítico da Revolução Francesa”, de François Furet e Mona Ozouf, que esta obra “representa um patamar interpretativo de enorme autoridade intelectual”, senão a maior uma das maiores.

E acresce com sua autoridade reconhecida: “A grande conseqüência, a curto ou médio prazo, da Revolução, se chamou Napoleão Bonaparte. Segundo Guizot, “o segredo de Napoleão fora prover a glória, garantir a ordem - e manter as realizações da revolução”.

Pode-se dizer que sem Napoleão, rechaçando as outras monarquias que queriam resistir aos novos tempos, a grande página histórica registrada para sempre pelos princípios gerados pela Revolução Francesa e garantidos por Napoleão, abafando levantes e tramas da monarquia europeia, seria neutralizada, estaríamos ainda respirando, sem haurir, a fraca e modorrenta revolução americana que não conseguiu ficar de pé como comentam os historiadores. Eram as “guerras justas”, guerras napoleônicas.

Churchil resistiu com guerra à hegemonia pretendida pela patologia hitlerista. Com “guerra justa” repeliu o nazismo e abortou genocídios já consumados.

Lincoln fez aprovar pelo Congresso uma convocação de 65 mil homens para a guerra, guerra de irmãos, mas “guerra justa”, para preservar a liberdade humana e findar a escravidão.

Os “ismos” conhecidos e afastados, nazismo e comunismo, inibidores dos direitos humanos basilares que se escoram nas liberdades individuais, fizeram tristes páginas. Um novo “ismo”, referem os críticos de nota, de seu lado negro e sectário, ameaça a liberdade humana, o islamismo. Não é em vão que gera outro “ismo; terrorismo.

Obama nada mais faz do que “guerra justa” para impedir sua proliferação. E deve fazê-lo.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 05/11/2012
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