Abraço

Na avenida principal ela o viu, dobrando a outra esquina do quarteirão. Um andando em direção ao outro. E ao fitar seus olhos agora, como há tempos não fazia, ela sentiu ressurgir dentro de si a vontade de abraçá-lo. E reviu toda a alegria que teve a seu lado. E a saudade que já tinha foi crescendo, apertando no peito. Viu que sentia falta. Viu que a atenção dele, e voz, faziam uma falta danada. Sentiu doer de novo. Quase tanto quanto tinha doído quando resolveram pôr um fim. Sentiu o impulso de cessar a dor dando-o o abraço mais apertado e sincero que jamais dera. Mas o conteve. Impulso contido por sua insegurança, por aquele seu medo de ser feliz. Porque, pra ela, após a calmaria vem a tormenta.Então deixou pra lá. Se convenceu de que estava bem, ou que iria ficar. Fez um aceno de cabeça pra ele e atravessou a rua. E ele, ao vê-la se afastando, prometeu pra si mesmo de novo que da próxima vez falaria, que da próxima vez correria e contaria o quanto ainda pensa nela. E a abraçaria de tal modo que mesmo quando a soltasse, não se desvencilhasse mais dele. E não fosse mais embora como agora. Nunca mais.