DEIXAI AOS MORTOS O CUIDADO DE ENTERRAR...
DEIXAI AOS MORTOS O CUIDADO DE ENTERRAR...
Excetuando-se o enterrar, todo o montante é verdadeiro, observado sob o aspecto corpo físico!
Aos mortos, bastante a lembrança, o afeto, o amor, a recordação!
Eu diria mais: honradez em respeito à memória, basta!
Não adianta no dia destinado a comemoração, caminhar em procissão, aos milhares, em visita “às casas” daqueles que não existem mais fisicamente!
Deve-se visitar os cemitérios, no dia dos mortos, mas, não se pode fazer disso o único ritual!
Como a assertiva acima, esta também parece extremamente fria e egoísta, mas não o é!
Quantos desses que aí estão, trataram com desdém, mesmo desprezo, àqueles que hoje dizem que amam, quando vão visita-los no “campo santo?!”
Quantos assim como eu, foi um péssimo filho, desobediente, inconseqüente, etc., para no dia de finados ir lá chorar sobre o túmulo da mãe ou do pai e dizer: “eu sempre amei!”
Mentira!
Se for falar algum desatino para alguém ou falar alguma declaração de amor, faça durante a vida. Perde força após a morte. Pelo menos no que tange aos métodos tradicionais...
E existe coisa pior!
Aqueles que somente se lembram dos seus entes queridos falecidos no dia de finados. Juntam um punhado de flores, depositam sobre suas covas ou sobre seus túmulos e está tudo certo. No retorno para casa, nem se recordam mais de nada!
Essa categoria é ainda mais materialista!
No entanto, de maneira nenhuma quero dizer que não é preciso cultuar os mortos. Mesmo porque a condição humana não prescinde ainda dessa prerrogativa!
E é impossível quando existe alguma espécie de amor entre familiares, amigos, namoradas(os), etc., morto o corpo, esquecer-se a lembrança da alma. De maneira alguma. Tanto assim, que alguns dentre os animais, dão o mais perfeito exemplo de lembrança e recordação quando se deparam com alguns restos mortais, no caso, carcaças de seus antepassados, instintivamente ou sei lá por qual motivo, rendem imediatamente uma espécie de respeito (cheirando, balançando a cabeça) e toda manada para e presta, algo como se fosse alguma forma de homenagem: são os elefantes!
Mas, diferentes dos homens, eles levam uma vida toda de união, salvo “alguns desentendimentos familiares”, não tem a quantidade de problemas que aventamos, quando da constituição dessa nobre instituição dos laços de consangüinidade e etc. O ódio, a falsidade, a hipocrisia, a intolerância, o ciúmes e mesmo desentendimento político, isso no seio de uma chamada “boa família!” é o que predomina dentre os homens.
A mãe de Jesus, por exemplo, com todo o respeito que requer ter-se a uma santa, nunca acompanhou-o em suas pregações, compartilhou inclusive, da crença dos seus inimigos e de seus irmãos, quando lhe disseram: “Mestre, tua mãe e teus irmãos, estão aí fora e mandam chamar-te!” e ele: “quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Senão aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus!”
Com efeito, quando chorava aos pés de sua cruz, lá de cima passou um rápido olhar e sem pestanejar com toda dor que era possuidor naquele momento e disse: “mulher, por que choras?!” ‘eis aí o teu filho (em direção a João), ‘filho eis aí a tua mãe!”
Aos vivos compete a missão de enterrar os mortos!
Mas, cumprida essa parte amarga da existência que todos vamos passar, a vida continua e aos mortos nada deve se render, mas, as suas memórias, aos seus espíritos e as suas almas, deve se ofertar tudo, inclusive preces fervorosas. Contudo, inútil se ajoelhar sobre a terra fria ou sobre a laje gélida, gritando o nome de José ou de Maria, eles lá já não estão, exceto seus corpos e seus ossos em decomposição!